terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Em Portugal, ninguem anda de comboio...

Bom dia a todos desde um repleto intercidades, num trajecto de Santa Apolónia ao Porto.
Diz a "propaganda do regime" que o caminho de ferro é um meio de transporte moribundo, que as pessoas tendencialmente utilizam cada vez menos o comboio, e que o automóvel é que é o futuro... Tretas! Ainda qur não vá esgotado à saída de Lisboa, a verdade é que este comboio vai bastante bem composto como se pode atestar pela foto anexa tirada apenas há momentos e antes da chegada do mesmo comboio onde me encontro em movimento...
Mais que nunca, nestes períodos críticos deveria ser fundamental e obrigatório incentivar cada vez mais as pessoas a conhecerem o seu país, relaxada e confortavelmente sentadas e recostadas num dos bancos disponíveis de um transporte público de massas, tal como o é o comboio...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Quem se segue...? - Parte 3


A vida portuguesa renova-se no século XVII. Depois de três Reis espanhóis, a corte portuguesa volta a afirmar o seu régio (e religioso) poder. Depois do domínio Filipino de 1581 a 1640, reergue-se D.João IV, rei Restaurador. Movido por uma fé inabalável em N.Sra. da Conceição, promete à virgem coroá-la caso reconquiste a lusa coroa, coroa essa que nenhum rei da Dinastia de Bragança voltará a usar. O Régio gesto de D.João IV fê-lo ganhar apoiantes junto da Nobreza indecisa entre Madrid e Lisboa, que assim o ajudam a restaurar o poder. Após a vitória da Restauração (feriado agora – injustamente – eliminado da lista) em 1 de Dezembro de 1640, o Rei empossado coroa a virgem e o gesto faz com que a Igreja Secular deposite enormes esperanças num tão católico e devoto Rei, concedendo-lhe o apoio espiritual necessário para garantir o trono face ao “inimigo” Espanhol. O fanatismo em torno do Rei Restaurador foi de tal forma intenso que fez renascer o mito do “Sebastiansmo”, de que o jovem rei, desaparecido em Alcácer-Quibir estava de volta para libertar os lusos do jugo espanhol, responsável por uma elevação do espírito nacionalista e patriótico.
Toda a evolução patriótica acaba por levar ao estabelecimento de uma monarquia absoluta em Portugal, bem ao estilo da Corte de Versalhes. Inicia-se a construção do Palácio de Queluz, nos arredores de Lisboa, e a meio caminho entre a Capital do Reino e a Zona de Lazer Real de Sintra. Apesar de o absolutismo português não ser comparável com o francês, principalmente, elevou uma figura à capacidade de marcar todo o período histórico, e que foi o caso de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal. Favorito de D. José I, que o chama a desempenhar as funções de primeiro ministro, Pombal usa o seu poder e influência sobre o Rei para chamar a si o poder régio. Oriundo da baixa Nobreza, e tendo subido à custa do seu génio, acabou por criar inúmeras crispações na corte. Ficariam bem marcados na história processos como o dos Távoras, que culminou com a morte de toda a família, julgada por traição à Pátria e ao Rei, e com a inutilização de todas as suas terras e a erradicação do nome Távora. Tais comportamentos de Pombal, ansioso por cada vez mais poder aumentaram o medo que as populações tinham de si, assim como lhe garantiram um inimigo de grande influência, a Infanta D.Maria, filha de D.José I, e que acabaria ela própria por ascender ao trono. Contudo, a grande obra de Pombal acabaria por ser a reconstrução de Lisboa após o grande Terramoto de 1755. Totalmente devastada por um abalo telúrico no dia de Todos os Santos, ao qual se seguiu um maremoto que varreu “do cais das naus ao rossio”, Lisboa ficou completamente em ruínas. Então, Pombal ordena “que se enterrem os mortos e cuidem os vivos”, e dá início ao plano de reconstrução da parte baixa da cidade. Como resposta à Igreja, que inicia a pregação de que o terramoto é fruto da ira divina contra as políticas de D.José I e de Pombal, este último desenha um traçado de ruas, e define uma arquitectura que incluindo as igrejas, as “esconde” no meio de construções destinadas a habitação e a comércio. Como resposta aos que afirmaram tratar-se de uma ofensa, Pombal acabaria por responder que “tal se baseava em proporções que colocavam a igreja, a população e a corte ao mesmo nível, sem favorecimentos de qualquer espécie”. Com a morte do Rei D.José I, é a sua filha D.Maria que sobe ao trono, tomando como primeira medida o afastamento de Pombal da Corte, dizendo-lhe que não voltasse a pôr os pés em terras de Lisboa. Em todos os anos que lhe restaram, em terras de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo regressaria uma última vez à capital, e quando o fez, poisou os pés numa caixa com terra de Pombal, cumprindo assim o disposto pela Rainha.
D. Maria I, a Pia de cognome, viria a tornar-se conhecida pelas suas chorudas ofertas à Igreja e aos pobres, justificadas por uma necessidade de expiar dessa forma os pecados cometidos pelo seu pai, e “comprar” a benção da sua alma. Toda a esmola, contudo, não a impediria de ficar louca, e ter de ser afastada do trono pelo seu próprio filho D.João VI. O jovem rei, acaba por ter uma feroz prova de fogo com as invasões francesas, penetrando no território de Portugal. Apoiadas pelo Rei espanhol, as tropas de Napoleão não tiveram qualquer dificuldade em atingir as fronteiras de Portugal. Caídas peças fundamentais das defesas portuguesas, como os bastiões de Trancoso e especialmente Almeida, onde os comandantes, favoráveis às tropas francesas (e mesmo ligados à corte de Napoleão por casamentos e laços familiares) permitiram que as defesas capitulassem quase sem resistência, a incursão dos franceses no território nacional foram sendo cada vez maiores, tendo a defesa lusa apresentado bons resultados na Batalha do Buçaco. Contudo, as tropas de Napoleão, sedentas de conquistas, invadem o território cada vez com maior intensidade, levando o rei e toda a corte a fugir para o Brasil e estabelecer a capital do Reino no Rio de Janeiro. Com a Família Real segura, e com o apoio das tropas inglesas (conseguido graças ao secular acordo entre Portugal e o Reino Unido) a resistência organiza-se. Não conseguem no entanto travar as forças gaulesas na sua incursão pelo vale do Tejo, e a sua passagem por Abrantes. É nessa altura que se estabelecem as defensivas “Linhas de Torres”. Acaba por ser às portas de Lisboa que se vai dar a viragem na Guerra Peninsular. Estabelecem-se as linhas defensivas no Alto do Parque Eduardo VII, e a organização da Resistência, com o apoio dos Quarteis Lisboetas, nomeadamente o Quartel do 4º Destacamento de Infantaria, em Campo de Ourique. Com as fragatas inglesas estacionadas na boca do Tejo, e os canhões dispostos em Almada e Vila Franca, as tropas francesas sofrem a primeira de várias derrotas, que os levam a serem expulsos do território nacional.
Com a rechaça das tropas de Napoleão e o regresso da Família Real à Pátria Lusitana, D. João VI, entretanto muito debilitado acaba por falecer, deixando o trono a ser disputado pelos seus filhos D. Pedro e D. Miguel. D.Pedro ascende primeiro ao Trono, e acaba por ser forçado a depôr pelo seu irmão D.Miguel, de índole puramente conservadora. D. Pedro IV, acaba assim por ser expulso de Portugal, fugindo para o Brasil e em fúria proclama a Independência, nas margens do Rio Ipiranga. Casado com D.Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo, estabelece na ex-colónia portuguesa uma forte influência com a casa Real Austríaca, que assim estende o seu domínio sobre a Europa. D. Miguel, contudo não consegue também reinar por muito tempo, e acaba por lhe suceder D.Maria II, a Educadora. Segue-se D. Pedro V. E D. Luís I, que acaba por ser o percursor da modernidade em Portugal. Inaugurado ainda nos tempos de D.Pedro V, o Caminho de Ferro tem o seu maior desenvolvimento durante o Reinado de D.Luís. Partindo de Lisboa, de uma estação nada central com o nome de Caes dos Soldados, os carris espalham-se um pouco por toda a parte, mas garantindo uma função: ligar a capital à segunda maior cidade do país (Porto) e à fronteira espanhola, através de uma linha central estruturadora, e com um entroncamento próximo do local da Ponte da Pedra (hoje Entroncamento). E as linhas férreas vão-se desenvolvendo, e é no Reinado de D.Carlos I que se estabelecem alguns dos terminais que ainda hoje conhecemos (muitos dos quais vão já definhando e apodrecendo, mas falarei disso noutra entrada). É precisamente numa dessas viagens de inauguração que se dá o acontecimento que viria a alterar dramaticamente a história de Portugal.
Mas antes desse acontecimento, que deixarei para o fim desta entrada, cabe aqui falar um pouco mais sobre D.Carlos I. O Rei foi desde cedo considerado muito inteligente mas dado a extravagâncias. O seu reinado foi caracterizado por constantes crises políticas e consequente insatisfação popular. Logo no início, a aliança secular com o Reino Unido treme, quando a Coroa Britânica apresenta a Portugal o Ultimato de 1890. Destinado a que Portugal desocupe os terrenos compreendidos entre Angola e Moçambique, para que o Reino Unido possa manter uma constante rota protegida pelos ingleses entre o Cairo e o Cabo, caso contrário ficaria forçado a uma Guerra. Com o país numa eminente situação de bancarrota, D. Carlos não se pode dar ao luxo de entrar em guerra com o velho aliado, e assim entrega as áreas solicitadas pelo Reino Britânico. Este movimento, apesar de significar paz para o Reino, abalou os alicerces da sólida relação entre os dois países, ao mesmo tempo que deu aos republicanos em operação na sombra, motivos para responsabilizar a coroa e exigir a queda do regime. Estala então a revolta republicana do 31 de Janeiro, no Porto que apesar de não ter tido sucesso mostrou haver inúmeros operacionais republicanos muito activos no país, dispostos a tudo para mudar um regime centenário.
A falta de líderes carismáticos em Portugal (um problema que se veio a manter e que se mantém…) levou a uma desagragação progressiva dos partidos tradicionais. É em 1901, época em que Lisboa inaugura a primeira linha de Carros Eléctricos, e o ascensor de Santa Justa, que se forma o Partido Regenerador Liberal, chefiado por João Franco, nascido do Partido Regenerador. Em 1905 uma segunda dissidência, desta vez do Partido Progressista, quando José Maria Alpoim entra em ruptura e funda a Dissidência Progressista. Ao contrário do movimento de João Franco, esta nova cisão parece ter sido motivada apenas pelas ambições pessoais do seu líder, e a dissidência progressista vai acabar por juntar-se a movimentos conspirativos com o Partido Republicano. No meio de toda esta turbulência política, cai mais um governo liderado por Hintze Ribeiro e o Rei decide chamar João Franco para formar governo. Suporta então inúmeros problemas e crises, especialmente a greve académica de 1907 na Universidade de Coimbra e a crescente agitação social, que culminam com o retirar do apoio parlamentar dos progressistas e a demissão de inúmeros ministros, por temerem que João Franco fortalecesse o seu partido à custa do deles. Ao mesmo tempo, a alternância já existente nas Câmaras de Deputados, fazia com que contassem ser chamados a formar governo assim que Franco caísse. Enganaram-se redondamente, pois D. Carlos vai tomar uma atitude diferente do que se esperava, dando o seu firme apoio a João Franco.
A oposição (tanto republicana como monárquica) lança então uma forte campanha contra o governo, envolvendo o Monarca, acusando-o de governar em Ditadura. Lança-se assim um período que vem a ficar conhecido na História de Portugal como a 1ª Ditadura ou Ditadura Franquista. No contexto de uma tentativa de normalização do Estado, são marcadas eleições para o parlamento que poriam fim à ditadura administrativa então vivida. E é neste contexto que republicanos e dissidentes progressistas se decidem a usar a força levando a cabo uma tentativa de Golpe de Estado em Janeiro de 1908.
Neste início de ano, D. Carlos parte com toda a família para Vila Viçosa, capital ancestral dos Bragança. É aí que se reúne pela última vez com todos os seus amigos intímos, para uma caçada. E é então que ocorre  a tentativa de golpe de Estado, fracassada por pronta acção do governo. São imediatamente presos António José de Almeida, o dirigente carbonário Luz Almeida, o jornalista João Chagas, França Borges, João Pinto dos Santos, e Álvaro Poppe. Com os seus líderes em reclusão, a liderança do movimento recai sobre Afonso Costa, que acaba por ser apanhado, junto com outros conspiradores no Elevador da Biblioteca, de onde contavam chegar à Câmara Municipal. Ainda houve mais manifestações e desordens um pouco por toda a cidade de Lisboa que acabam por ser contrapostas e controladas pela polícia. Então, João Franco decide ir mais longe e prepara para que o rei assine, um decreto prevendo o exílio para o estrangeiro ou a expulsão para as colónias, sem julgamento, de todos os indivíduos que fossem pronunciados em tribunal por atentado à ordem pública, o que se aplicaria também aos revoltosos republicanos. João Franco leva o decreto ao rei, que o assina ainda em Vila Viçosa, e ao assiná-lo, diz aos presentes: "Assino a minha sentença de morte, mas os senhores assim o quiseram."
A 1 de Fevereiro de 1908, a família real regressou a Lisboa, aproveitando já a linha férrea que então se estendia até Vila Viçosa. À saída de Évora a locomotiva avaria-se e D. Amélia, antevendo algo, diz ao Rei que aquilo poderia ser um mau presságio e que deveriam voltar a Vila Viçosa. Depois de resolvidos os problemas o comboio seguiu até ao Barreiro, de onde apanharam um vapor para o Terreiro do Paço. Ali eram esperados por membros do governo e da corte. Após os habituais cumprimentos, a família real subiu para uma carruagem aberta em direcção ao Palácio das Necessidades. A carruagem com a família real atravessou o Terreiro do Paço, onde foi atingida por disparos vindos da multidão que se juntara para saudar o rei. D. Carlos I, que morreu imediatamente, após ter sido alvejado. O herdeiro D. Luís Filipe foi ferido mortalmente e o infante D. Manuel ferido num braço. Os autores identificados do atentado foram Alfredo Costa e Manuel Buíça. Os assassinos foram mortos no local por membros da guarda real e reconhecidos posteriormente como membros do movimento republicano.
Segue-se no trono um debilitado D.Manuel II, que tenta em vão acalmar os ânimos, mas sem qualquer tipo de sucesso. A sua primeira acção foi a demissão imediata de João Franco, a conselho das cortes, nomeando como primeiro ministro Francisco Joaquim Ferreira do Amaral.
Sucede-se então uma crise política sem precedentes em Portugal. Em dois anos sucedem-se sete governos. E é em Outubro de 1910 que se lança uma verdadeira revolução em Portugal, seguida da Proclamação da República a 5 do mesmo mês. As tropas fiéis aos revolucionários republicanos, tinham já bombardeado o Palácio das Necessidades, então residência oficial do Monarca, no dia 4 de Outubro, forçando D. Manuel II a retirar para Mafra, onde se lhe juntam a sua esposa e a Rainha Mãe D. Amélia. Na madrugada do dia 5 de Outubro, embarcam na Ericeira com destino ao Porto. Contudo, o navio é desviado para Gibraltar, onde o monarca deposto acaba por desembarcar, dando início ao seu exílio em território inglês. O seu último acto patriótico foi o de legar ao Estado português, os seus bens por altura da sua morte, pedindo apenas como contrapartida a possibilidade de ser sepultado em território português, desejo que lhe viria a ser concedido por altura da sua morte súbita, por Salazar.
Nota final, é com a morte de D.Manuel II que termina oficialmente a monarquia em Portugal, ainda que o regicídio tenha sido, sem dúvida o episódio que mais marcou o final da Dinastia de Bragança e o posto fim a cerca de oito séculos de reis portugueses e espanhóis. O exílio de D. Manuel II, a ascensão de movimentos operários, e o advento da 1ª República, acabariam por modificar profundamente a sociedade portuguesa já então atrasada em vários séculos face às congéneres europeias. É a acção de vários homens, mas principalmente de Alfredo Costa, que vem modificar a política portuguesa e o regime estabelecido. O autor que vos escreve estas linhas, através deste blog, é apenas um familiar distante quase uma centena de anos deste Alfredo Costa. O homem que das suas mãos disparou a República e fez mudar um país profundamente necessitado de mudança. Mas a memória deste homem, amado por republicanos, odiado por monárquicos, está hoje profundamente apagada, e nas novas gerações poucos há que o lembrem, e menos ainda os que como ele, seriam capazes de morrer por um ideal. Por um ideal de mudança, e por um ideal que permitisse revolucionar e regenerar o estado podre de coisas em que vivemos. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quem se segue... ? - Parte 2


Antes de continuar com o resto dos relatos históricos, e porque à medida que vamos caminhando para a modernidade, o que era já não é e o que é já tinha deixado de ser, há que fazer aqui uma breve pausa e abrir um parêntesis para falar sobre um tema que é… a Religião. Sim, com maíusculas. Porque não vou falar aqui desta ou daquela igreja, desta ou daquela doutrina… vou falar (ou pelo menos tentar) de toda a Religião. Os primeiros povos que podem ser considerados sedentários, precisavam de qualquer coisa que os ajudasse a explicar tudo aquilo que não conseguiam compreender. Vai daí, arranjaram uns seres superiores que até os guiavam e que de uma maneira ou outra “controlavam” as suas vidas. E então, começam a decidir oferecer sacrifícios a essas entidades que estavam para além do seu conhecimento, para os apaziguarem quando os aborreciam. Então, por cada temporada maior de chuvas, erupções vulcânicas, subidas repentinas de marés, ondas gigantescas, secas extremas, havia uma causa que era o mau feitio do homem… ora porque caçava, ora porque ia roubar a mulher ao vizinho, ora porque roubava o carro de bois ao outro e por aí fora, ou porque simplesmente… porque sim. Logo, toca a sacrificar aqui um boi que é para que o que está lá em cima e me manda a chuva feche a torneira por umas horas, e outras coisas afins. No génese destas civilizações e sociedades, houve então quem percebesse que talvez fosse melhor arranjar uma pessoa que controlasse as oferendas e os sacrifícios e ao mesmo tempo educasse as pessoas para elas aprenderem quando deviam oferecer e o quê, quando se portavam mal… pelo menos pelos padrões da época. Vão-se passando os anos, os homens vão aprendendo, começam a decidir honrar as estações do ano, os nascimentos, as mortes, a caça, a pesca, as tempestades, e por aí fora. Quando aparecem os gregos (sim… os tais que se fartaram de inventar coisas desde a matemática à política) pegam em toda esta civilização e resolvem dar-lhes nomes… E é assim que nascem as Divindades que passam a reger a vida do homem em todos os aspectos. Claro… não bastava arranjar nomes e decidir que tu te chamas assim e tu assado. E nisso tudo, toca de lhes dar uma hierarquia. Sim, um pai que gera todos os seus filhos, e como se isso não bastasse, ainda gera uns quantos bastardos que são meio humanos, que por sua vez geram outros bastardos que são heróis… e depois há histórias de traições, casamentos, decisões,e por aí fora… chamaram-lhe Panteão, mas na realidade é uma enorme tragédia grega. Com as mudanças das civilizações e as organizações, aparecem os romanos (os tais que se apunhalavam pelas costas e mudavam de imperador como quem troca hoje de camisa…). Como parecia mal estar a inventar tudo de novo, até porque os gregos já tinham tido uma enorme trabalheira com isso, toca de aproveitar os mesmos deuses, mas mudando-lhes os nomes. Havia deuses para os dias da semana, para as trovoadas, para a chuva, para a caça, para tudo e mais alguma coisa… mas… e onde pára o povo? Toda esta adoração divina viria trazer essencialmente uma nova classe na organização política que era a classe religiosa, composta por sacerdotes. E o povo, escravizado, abandonado, decididido a subjugar-se aos poderosos, limitava-se às suas adorações e dádivas nas medidas do possível.

Mas pronto… nenhum sistema é perfeito, e nesta democratização religiosa de divindades e sacerdotes, mergulhada na obscura corrupção dos sistemas e da moral e bons costumes (para a época, volto a referir) a populaça começa a perceber que afinal está na altura de se revoltar. É então que de acordo com os sábios, nasce a criança profetizada. A criança que desce à Terra para guiar os homens de novo em direcção aos seus deuses, e particularmente ao pai de todos eles, que para os sábios é o criador dos céus, mas também dos homens. Esta criança adorada por reis e pastores, por sábios e profetas, por criados e mestres, cedo se revela nos dotes proféticos tambem. Mas é temida pelos governos e particularmente pelo Governador Romano, da remota região da Judeia. A história por aqui fora revela-nos os mais sórdidos e hediondos pormenores, ao longo de anos, que são por demais conhecidos… mas na fase final da sua vida, a criança agora tornada homem, acaba por ser detido por profetizar demais. Por proteger demais e por se condoer dos padecimentos alheios. A sua enorme popularidade, acabou por se tornar a sua maior vulnerabilidade. E acabou espetado na cruz, tal como era hábito dos romanos, já que a cruxifição era uma das mais populares formas de castigo. Contra a sua própria vontade, os romanos acabariam por o tornar num mártir, e o Iesu Christo, acabaria por marcar de forma perfeitamente incontornável, o princípio dos tempos modernos. Ao contrário contudo do que pregou Jesus Cristo, os seus seguidores acabariam por tomar uma linha muito mais dura e agressiva, condenando para toda a Eternidade aqueles que, de acordo com os ensinamentos do mestre, se desviavam daquilo que era uma conduta aceitável. Produziram-se notáveis escrituras, com os ensinamentos do mestre. Mas nas ruas, a turba descontrolada lutava por aceitação e por controlo. Sendo a religião cristã maioritariamente derivada da vivência diária de escravos e povos das classes mais baixas, acabaria por se tornar violenta, como o demonstraram as queimas públicas de livros e sabedoria, especialmente no episódio do Ágora de Alexandria. O povo oprimido vingava-se agora contra aqueles que durante centenas de anos os reprimiram e escravizaram. O imperador acabaria por não ter outro remédio senão admitir e aceitar a nova religião, pregando a um único Deus, pai e criador do céu e da terra, por oposição ao enorme panteão de Deuses pagãos. Quando o Império romano se desmembra e desfaz, nos últimos suspiros, o Imperador decide converter-se ao cristianismo e tornar a religião ascendente na religião oficial do império. E é assim que Roma se torna a Capital do Cristianismo e Trono do “representante” de Deus na terra. Em cima da pedra (Petra) tumular de Pedro (Petrus) cresce o lugar de maior poder em todo o mundo. Mas os sacerdotes precisam de uma hierarquia, e é assim que nasce uma espécie de rei entre os sacerdotes, e que é o Papa. Assim, no lugar em que dantes se encontravam sábios e profetas, ficam apenas sacerdotes. Despachados para os 4 cantos do mundo conhecido, disponibilizam-se para ensinar Reis e comuns sobre os mistérios da vida e da morte, sobre o Céu e o Inferno, e sobre as profecias do fim do mundo. O medo, mantém as pessoas unidas, e acaba por converter aos milhares os povos sucessivamente “evangelizados”. E aquilo que foi a época do conhecimento, abre a época às trevas e ao obscurantismo da Idade Média. Os “descontrolados” são inquiridos e “julgados” por um tribunal próprio chamado “Santa Inquisição” que de santa tinha muito pouco…

Claro que uma igreja desta forma repressiva e controladora acabaria por ter revoltosos no seu interior – a história é cíclica e repete-se – e depois de anos de brutal opressão, acabariam por passar a ser os opressores… especialmente às doutrinas do conhecimento e do livre pensamento. Todas estas voltas e reviravoltas acabariam por ter o seu preço, e ele é sobejamente conhecido da História. Revoluções, contra-revoluções e revoltas. Caças às bruxas, fogueiras, perseguição dos “infiéis”. A primeira Cruzada europeia, juntando vários cavaleiros ligados a ordens religiosas ajuda a libertar a Europa do domínio árabe. Ou assim nos fazem acreditar. Porque se livrou um povo de um ocupante pacífico que desenvolveu enormes conhecimentos e ajudou a um notável desenvolvimento de técnicas de agricultura, pecuária, olaria… ? Nunca o saberemos verdadeiramente. Mas os cavaleiros tinham sede de terras e de poder, e com o inestimável apoio vindo do assento papal em Roma, ninguem se atrevia a fazer-lhes frente. Uma assinatura de um Papa era o suficiente para fazer um Rei ou tirá-lo do trono. E povo atrás de povo, subjugava-se ao poder divino de Roma. E ao passar o tempo, Deus foi sendo substituído pelo seu “representante” na terra… Poder gera corrupção. Moral e não só. O controlo excessivo das populações acabaria por levar a que por centenas de anos se matasse e morresse em nome de Deus. E claro que a religião outrora oprimida acabaria por se tornar na de maior representatividade na Europa.

É com os Descobrimentos e com a expansão marítima, principalmente por parte de portugueses, espanhóis e ingleses que a religião cristã se torna difundida pelo mundo. O poder divino que “criava” Reis, criou entre outros a Dinastia Filipina Espanhola, profundos cristãos, devotos no seu poder a ponto de loucura. É um destes Filipes que cria e lança contra a Inglaterra livre pensadora a célebre (não pelas melhores razões) Armada Invencível. Destinada a vergar a Inglaterra ao poder de Roma – Henrique VIII tinha suspendido a religião, mantendo-a mas substituindo o lugar maior do papa pelo do Rei Inglês – a Armada é lançada de Espanha, e acabaria por dar a Filipe a mais vergonhosa derrota naval da história de Espanha. No entanto, a sede do trono papal nem se veria beliscada, e acabaria por ter de “engolir” o sapo inglês.

São inúmeras as histórias religiosas, mas no nosso “cantinho à beira mar plantado”, a relação entre o trono Português e o Vaticano data da fundação do próprio Reino, com o Papa a reconhecer D.Afonso I como legítimo Rei de Portugal. E segue, sem quaisquer beliscões ou tentativas subversivas de se desviar do poder divino. Nem mesmo durante o período em que Portugal esteve sob o domínio Espanhol isso se fez sentir. E o fervor lusitano foi sempre tão grande e tão devotado, que tal como em muitos outros lados, acabaria por se entregar com uma animosidade à sua devoção, ao ponto de se dizer que o país é abençoado.

Em 1640, é um Rei pretendente, apoiado pela burguesia e por muitos campos da nobreza que promete no seu Solar, que se ganhar a Coroa de Portugal, a sua devoção a fará entregar a Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, proclamando-a Rainha de Portugal.

Devoção, crença ou fé, a verdade é que os “Filipes” foram corridos de Portugal, e o trono voltou para mãos lusas, pela família Bragança, que deu assim início à 4ª Dinastia. E a coroa foi entregue à “Rainha dos Céus”, para que reinasse sobre Portugal, e como promessa, a partir desse momento, jamais Rei algum no Trono de Portugal viria a usar coroa. Esta promessa continuaria até 1910, época em que o Regime Monárquico tem o seu derradeiro golpe, e é instaurada a 1ª República. Esta época conturbada e interessante da nossa história ficará para o próximo post, que este já vai bastante longo…

P.S.: Da escrita deste meu post, não sobressai, mas que fique claro que da religião, sei o que me ensinaram, num país supostamente laico. A minha instrução permitiu-me questionar-me e continuar naturalmente a questionar os meus ensinamentos, pois só sabendo se pode perceber o meio que nos rodeia e envolve. Não me considero Ateu, mas Agnóstico. A Ciência ainda não me responde a todas as perguntas (talvez esteja perto disso), mas também considero que não é obrigatório existir um céu e um inferno. E o homem pode viver a sua existência sem Deus, mas acreditando numa Entidade não nomeada, num Ser Superior… no que desejar… porque no fim de contas, é por isso que nascemos e morremos livres… até à próxima.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quem se segue... ? - Parte 1


O mundo actual é um lugar que está numa constante mudança. Esta mudança que antes demorava centenas de anos, é hoje muito mais rápida, fruto da quantidade de informação que diariamente temos à nossa disposição. No mundo actual o homem esqueceu-se de si mesmo – perdeu a capacidade de viver – e adaptou-se à ideia de sobreviver. Neste clima de incertezas e de mecanização e globalização, o homem quase se tornou o autómato preconizado por Fritz Lang, no seu “Metropolis” de 1927. Sendo o ser humano o mais adaptável ser existente na natureza, “adaptou-se” desde cedo a ser comandado e não se comandar a si próprio. Daí ter inventado sistemas que lhe permitissem ser comandado e ainda por cima, gostar disso. Primeiro tivemos um sistema de chefes, que geriam as várias aldeias e castros. Os simples eram castigados, escravizados, mandados… e gostavam disso. Tanto, que só substituíam os chefes quando eles morriam. Depois os Egípcios vieram com uma ideia nova, em que quem mandava neles era um homem endeusado, a quem se deu o nome de Faraó.
Continuou a escravatura, o castigo, mas agora havia uma nova carta no baralho, e que era um enorme panteão de deuses. E o “manda-chuva” local ditava as ordens, conquistava (umas vezes mais que outras)… e quando morria era substituído pelo filho ou pelo irmão mais velho. Do outro lado do Mediterrâneo, contudo, aparecem uns chatos lá pela Grécia com outras novas ideias. Dão outros nomes aos deuses, e como acham que essa história dos filhos e dos irmãos mais velhos sucederem aos pais pode dar mau resultado, acham que devem entregar o poder às “massas humanas” e permitir-lhes que escolham com alguma liberdade, quem querem a representá-los. Claro que esse sistema, que era muito bonito e social, e que permitia que as pessoas não fossem escravos (claro, aqueles que tinham algumas posses, inteligência, dinheiro, etc… porque os de mais baixa condição continuavam a ser escravos e a trabalhar para os que mandavam), mesmo sendo muito bonito, tinha os seus problemas… os gregos pensaram… hei, nós inventamos isto, alguém há-de desenvolver o sistema, nós somos todos filósofos e sábios, os outros hão-de se arranjar… e vai daí, um par de irmãos, a chuchar cada um na teta de uma loba resolvem fundar uma república (Res Publica = a coisa pública) todos inspirados pelos gregos do outro lado do Mar Adriático. E pronto, começaram a desenvolver a coisa, até descobrirem que o poder era uma coisa para não ser partilhada, e que se devia centrar só numa das pessoas… e vai daí, um dos irmãos mata o outro e começa a mandar, rodeado de gente que é “eleita” pela populaça que manda (não os escravos, que esses continuam a trabalhar e a sustentar os outros todos…). E daí até ao período que vem a seguir, em que o manda chuva passa a ser um “imperador” e por isso está acima dos outros todos, vai um pulo. E aquilo que era “mandatado” pelo povo, pela tal democracia grega (Demos Kratia = A escolha do povo), torna-se numa ditadura imperial. O imperador manda, e o povo obedece. Não confundir com o Demos Gratia, que da religião falarei à parte… Voltando atrás, o tal imperador, que agora se chama “César”, é o tipo que manda, e conquista, e se livra dos inimigos com venenos e punhais… uns mais visíveis, outros menos. E claro, o que faz a malta toda que é a força do trabalho? Adapta-se a agradece a estes endeusados seres o que faz por eles… “Ó César, ainda bem que conquistaste a Gália para nós”…”Ó César, ainda bem que mataste os outros dois patifes que andavam contigo”… e quando as pessoas já começavam a estar fartas… toca de usar o mesmo remédio. Levas uma punhalada pelas costas, que até te lixas, e vai daí, trocam-no pelo filho… mesmo que seja bastardo. “Agora vai e manda em nós!” dizem os simples. E eles iam mesmo…
E aquilo com que não contavam, de repente, aconteceu-lhes. Quando andavam a conquistar a Europa, por um lado e por outro, chegam de repente a um cantinho onde uma “Aldeia” povoada por irredutíveis resiste ainda e sempre ao invasor. Não, não são gauleses… são lusitanos. E ainda por cima a sua principal característica é… não terem característica. Nem organização. Têm uma espécie de manda chuva, um pastor enfiado numa caverna, mas que afinal faz a vida grega ao César.
Ora, servido pelo seu espírito “democrata” o César pensa logo em substituir o pastor cavernoso, por um ao seu serviço… e assim arranja alguém disposto a fazer-lhe um favor, em troca de um posto no governo… só que este “boy” do manda chuva, não é do agrado do resto do “rebanho lusitano” e acaba morto pela populaça, que logo a seguir arranja um novo, a pensar que é melhor, mas que no fim de contas é mais um que vem ao serviço do César. E é assim que se vai perpetuando a permanência no poder.
Passadas umas centenas de anos, o sistema que já andava tão podre, acaba por deixar a aldeia lusitana cair em mãos árabes, que vem aproveitar o terreno. Com eles trazem a astronomia, a matemática, e uma série de obras novas, e a populaça fica deslumbrada. É preciso virem uns cavaleiros lá do norte da Europa para os “salvarem”. Esses nobres cavaleiros trazem consigo novas preciosidades, e um novo César… um cavaleiro que se destaca dos outros todos, mas que não fica satisfeito por só lhe darem uns terrenozitos e um título de conde. Vai daí, pensa “eu vou mas é mandar nisto sozinho”, zanga-se com a mãe e dá-lhe uns açoites, e funda um país novo, acima do rio, e chama-lhe Portucale. Manda uma mensagem ao gajo que entretanto é quase um rei como ele, mas que em vez de mandar num país manda nos espíritos de toda a gente, e a quem toda a gente chama “Papa”, mas a religião fica para outro dia, a dizer-lhe “Ah e tal, eu não quero cá misturas com os meus tios, nem com a minha mãe, e quero um país só para mim. Mas como a minha mãe não queria, eu mandei-lhe uma tareia, e agora sou eu que mando nisto, e quero que me trates por Rei Afonso I…”
Ora, com os ensinamentos dos castrejos, dos egípcios, dos gregos, dos romanos, dos árabes e dos pastores lusitanos o que fica? Uma valente salada. Uma mistura de tudo e de nada. Uma monarquia com aspectos de democracia, um imperador com ideias de endeusamento. E um enorme rebanho disposto a matar e a conquistar em nome deste engrandecido ser, que os comanda. Como o território começa a expandir-se, e só um a mandar é aborrecido, o Rei pede a uns quantos amigos (nobres, claro) que construam uns castelitos aqui e acolá e que metam as pessoas à volta deles a trabalharem que nem uns mouros (sem ofensa aos muçulmanos árabes que ainda havia pelo território), e a pagarem impostos e a oferecerem coisas ao Rei, para o seu proveito posterior… ah, esperem… afinal não. O que pagavam era apenas para os nobres se entreterem em festins e em torneios, enquanto os rebanhos à volta dos castelitos iam lentamente definhando e morrendo à fome.
Passadas umas centenas de anos, e uns quantos filhos, e irmãos mais velhos, há uma crise enorme, particularmente por causa dos descendentes. De um lado uma princesa casada com um Espanhol (livra, um gajo espanhol vir para aqui mandar…) do outro um tio que estava a ficar velho e ainda por cima era religioso (ai o tema a querer vir ao de cima…). No meio de um grande tumulto, a população toda a morrer da Peste Negra, e a nobreza a brincar ao quem sucede ao rei… vai daí, a populaça junta-se e aclama um burguês (que só ganhava um bocadinho menos que os nobres, mas afinal ajudava os rebanhos) e diz que ele é que é o Mestre que nos vai livrar dos tormentos… e qual salvador da Pátria, nasce uma nova dinastia, arrancada a ferros das entranhas da Ibéria, e que deixa os espanhóis a salivarem do outro lado da fronteira. Mas afinal, estes até eram duros, e mais uma vez, entre ideias e favores e por aí fora, lá vão mantendo o “barco” a navegar. E os barcos navegam até cada vez mais longe, pelas costas de África e pelo Brasil, já depois de assinado com os espanhóis, o tratado que lhes dava metade do mundo… ou tirava a outra metade para nós. E chegam à Índia. E livram-se dos monstros marinhos. E de acordo com os escritos da Época, “dão novos mundos ao mundo”. Quem diria… afinal os descendentes de pastores, com aparências de césares, e democratas como os gregos, endeusados como os egípcios, afinal iriam ter metade do mundo nas suas mãos. E uma sede de poder e de território como nunca antes vista. Então, finalmente, um rei novinho, cheio de ideias novas na sua cabeça, cheia de ar, vento e histórias de antepassados gloriosos, mete-se à frente das hostes e diz: “vou caçar mouros!” e parte para Alcácer-Quibir, onde desaparece envolto em misterioso nevoeiro… “hei-de voltar um dia!” gritou. E ainda se esperam notícias… E quem é que agora fica a mandar nisto? Pois é… os espanhóis. Os tais que mantiveram as garras de fora e souberam esperar. O rei do outro lado da fronteira, que era sobrinho neto de um rei da lusitânia, anterior ao rei novinho que desapareceu no nevoeiro, entra por aí dentro com as suas tropas, para evitar as insurreições do bando de rebeldes do lado de cá da fronteira. E ainda paga aos nobres nas cortes (que é como quem diz uma espécie de suborno aos lobbies, vamos lá…) para dizerem que isto é dele e que é ele que manda. “Este país é meu, porque o herdei, o conquistei e o paguei” afirma. E mete os do lado de cá na ordem. Principalmente, porque as ordens passam a vir do lado de lá. O que é que ganha com isso? Os lobbies começam a conspirar contra o neto do neto, porque ah e tal não se admite que a gente que fala outra língua se tenha de sujeitar aos imperadores aí do lado. E passadas só duas gerações, correm com os espanhóis e religiosamente oferecem a coroa à “Rainha dos Céus” (tema religião, ver depois.). E inauguram um novo estilo de governação. Mais à romana, menos à grega. Mais à egípcia, menos à castreja. Mas sempre à maneira lusitana. E é a partir daqui que as coisas se começam a complicar… mas para não tornar isto demasiado maçador, continuarei noutro dia…

terça-feira, 19 de julho de 2011

Em directo!

Hoje é um daqueles dias por ano em que me desloco ao Teatro Nacional de São Carlos, para uma das noites do "Festival ao Largo". Para um espectáculo que vai começar às 22 horas, estou aqui desde... As 18 horas!!! É sabido que a Cultura Grátis atrai centenas de pessoas, mas para um festival desta envergadura já se justificavam algumas mudanças que permitissem que mais gente viesse e sem a necessidade de se verem cenas menos próprias e mesmo a falta de civismo da maior parte dos portugueses. Infelizmente, através do smartphone ainda não descobri como partilhar fotos... Mas está realmente cheio. E na 6a feira estarei por cá de novo para mais um espectáculo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Lisboa é um penico...

Hoje pelo fim da manhã resolvi experimentar uma questão interessante sobre a mobilidade na cidade de Lisboa. Já por mais que uma vez me apercebi que Lisboa, apesar dos seus altos e baixos, não é uma cidade demasiado grande... E pus-me a andar a pé. Partindo da Alameda D. Afonso Henriques, subindo até à Av. Duque de Ávila, depois seguindo pelas Avenidas até S. Sebastião e daí para o Alto de Campolide, Amoreiras e chegando ao meu destino, Campo de Ourique, apenas passados 45 minutos. Para fazer o mesmo percurso, mas de transportes, o tempo de percurso entre Metro e autocarro é de... Espante-se... 45 minutos. O que me faz reflectir sobre a mobilidade em Lisboa, já que isto é sinal que Lisboa não sendo demasiado grande e que nos permite ir de um ponto ao outro da cidade, desde que com tempo, e por outro lado que, se calhar, a tal prometida e tão badalada mobilidade não estará a funcionar assim tão bem...

Este é o primeiro post que escrevo através do Smartphone, como teste, que se isto funcionar bem, pode ser que volte mais vezes...