quinta-feira, 18 de julho de 2013

Já não há sorrisos como antigamente

Já não há sorrisos como antigamente.

Passo pelas pessoas na rua e não vejo sorrisos abertos, francos. Aqui e ali um sorriso cínico e fingido,  por força das circunstâncias e do politicamente correcto. Os adultos, padecendo das circunstâncias do destino, da sina, do fado a que os condenaram dezenas de partidos e mandantes esforçados por sorrirem a si mesmos e aos que os apoiam, ao longo de décadas. As crianças, antes de sorriso fácil, já não sorriem. Choram, berram, ávidas da afeição pelas consolas de jogos que deixaram em casa. Os parques infantis, outrora locais de convivio salutar e de anti-histamínicos contra as alergias da sociedade, são hoje laboratórios herméticos e assépticos, onde as alergias não proliferam e não ajudam a criar as defesas naturais. No bairro, as árvores descaem, à espera de quem as regue, para suportarem o calor do estio. Os velhos sentados, aproveitam as suas sombras, zombando dos sorrisos dos novos, saudosos dos sorrisos do passado. 

Os sorrisos de antigamente, abertos, francos, fraternos, desapareceram. Foram substituidos pelos sorrisos fechados, falsos, plásticos, mascarando uma tristeza colectiva.

Olho para o meu bairro. Os sorrisos desapareceram. As pessoas estão deprimidas. Os velhos, saudosos. Os novos, sem esperança. As crianças, que futuro? 

Morrem os velhos, morre o meu bairro. Os novos ficam velhos, e não sorriem. 

E as crianças? Que futuro tem elas? Ainda haverá sorrisos quando as crianças forem velhos?