segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sem luz ao fundo do túnel

A propósito do video publicado pela SIC, com o tema da actualidade da Mina de S.Domingos, que podem ver aqui (é quase meia hora de video):



ocorreram-me algumas ideias engraçadas... sendo eu, como me conhecem um admirador confesso de caminhos de ferro, espanta-me como temos vindo sempre a encarar a inauguração do Caminho de Ferro em Portugal como a datada de 1856 entre Lisboa e o Carregado, quando já muitos anos antes uma Companhia Inglesa estabelecia uma via com 17 Km, e que ligava a Mina de S.Domingos ao porto fluvial do Pomarão, sobranceiro ao Guadiana, e de onde se expediam a pirite e seus derivados, inicialmente para o estrangeiro, e nos ultimos tempos para alimentar a CUF no Barreiro.
Foi com o fim do filão e a consequente falência da Companhia que explorava a mina, que a Mina foi abandonada, saqueada e tudo o que poderia existir ainda hoje para o estabelecimento de um museu, logo à partida "condenado" pela sua interioridade, vendido a peso para as sucatas.

Ora, num país sem nenhumas tradições culturais como o nosso, não é de estranhar que isto tenha acontecido, e mesmo ali ao lado de S.Domingos temos as minas de Rio Tinto. Da mesma maneira que S.Domingos, a mina espanhola encerrou o seu filão, mas foi prontamente salvaguardada e é hoje um dos mais interessantes pólos museológicos da provincia de Huelva, como atesta o próprio site do Parque mineiro . Por cá as intenções esbateram-se na burocracia, e na inércia que nos caracteriza... enfim, retratos tristes de um interior que foi esquecido por Lisboa, por Bruxelas, por fundos comunitários, por vontades locais, nacionais, investidores e por aí fora... e este é apenas um dos muitos exemplos...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O dia 3 - Sines

Mais uma vez, tudo começou com o pequeno almoço na grande mesa de refeições do Reguenguinho... Depois de um calmo começo de manhã, decidimos ir de passeio até Santiago do Cacém e Sines.
Do Reguenguinho, em vez de seguirmos pela estrada mais rápida e directa, resolvemos ir de regresso até Alvalade e daí Santiago. Claro que foi uma volta enorme, mas a paisagem alentejana compensou-nos. Santiago do Cacém fica numa bela encosta, e claro que a paragem que mais nos motivava era na estação dos Caminhos de Ferro. Construída na magnifica arquitectura do Estado Novo, notando-se ainda na perfeição todos os seus elementos característicos, é pena não estar melhor conservada, mesmo tendo um bar a funcionar no espaço da antiga estação.

Dali, um pulo até Sines. Duas voltas pela cidade à procura de um fast-food, e terminámos junto da antiga estação de caminhos de ferro que julgávamos que já nem existia. Aqui, a Câmara Municipal recuperou todo o imóvel e o transformou num centro de artes e ofícios...e ali mesmo ao lado, o que procurávamos... quais fast-food... um restaurante no antigo cais de mercadorias da estação, de nome "Cais da Estação". No imóvel, agora completamente recuperado, funciona um restaurante com uma categoria algo elevada. No entanto, isso não nos impediu de aqui pararmos para almoçar... e se por um lado os preços exibidos podem ser considerados elevados para uma refeição no Alentejo, consta do menu uma ementa "executiva", com um preço muito agradável por pessoa, incluindo a bebida e o café, bem como as entradas, e que nos permitiu saborear uns deliciosos filetes de peixe-galo com um arroz malandrinho de tomate. Simplesmente delicioso.

Depois de uma rápida visita à adega do restaurante, novamente de regresso ao Reguenguinho para as que foram as últimas horas de um dia muito bem passado na paisagem alentejana. Foi uma tarde muito calma e aprazível, passada entre o convidativo baloiço junto da palafita e o jacuzzi aos pés da cama... jantar cedo, e dormida bem ao gosto que nos oferece o Alentejo...

No dia seguinte iniciou-se o regresso até casa, vindo pelo caminho mais curto, e que nos traria por Melides, Comporta e Tróia, e daí até Setúbal... contudo, depois de uma óptima viagem até ao novíssimo Tróia Resort, descobrimos ao chegar que teríamos ferry boat para Setúbal, daí por cerca de 3 horas... o que não é agradável num sítio como Tróia onde infelizmente não há muito o que ver, nem um restaurante digno do nome, ou local onde pudéssemos aguardar com conforto... o que nos levou a voltar para trás muitos quilómetros, de regresso a Alcácer do Sal e daí pela A2... terminando assim uns excelentes dias de férias, pelas paisagens bucólicas e onde ainda há muito por descobrir...

Aproveitem os feriados e de uma "escapadinha" pulem até ao Alentejo e conheçam-no melhor. Há muito o que ver e muito o que provar.

terça-feira, 18 de maio de 2010

O dia 2 - Vila Nova de Milfontes


Depois de um lauto repasto (um belo e grande pequeno almoço) tomado no Reguenguinho com o som dos grilos em fundo, era hora de rumar até Vila Nova de Milfontes.
Ficava para trás o delicioso pão alentejano, a fruta, os doces caseiros, o leite, os queijos e por aí fora (só de me lembrar estou a salivar...) e saíamos da herdade em direcção a Vila Nova de Milfontes.
Se Porto Covo tem o charme de terras perdidas no tempo, Vila Nova de Milfontes... tentou avançar depressa demais e perdeu-se no turismo. Não se encontra um real traçado de ruas, o que pode haver de marcos históricos perdeu-se, sobrando apenas um ou dois imóveis de interesse, e claro, uma praia a perder de vista, sobranceira ao Rio Mira.

Depois de alguma caminhada por Milfontes, de um café tomado ao lado de um "Centro Comercial" (ah, nostalgia de aldeias...) e de uma corridinha ao supermercado, eis-nos de volta ao centro mais antigo. Aqui, fomos ao encontro do restaurante "A Tasca do Celso" que nos tinha sido recomendado pelo pessoal no Reguenguinho.
O restaurante tem a fachada típica de uma casa de aldeia, mas o seu interior consegue ser ao mesmo tempo requintado e informal. Aqui foi onde comemos uma "massinha de robalo" recomendada, que estava realmente excelente. Não vou deixar aqui uma foto do tacho, para que os que quiserem ir descobrir o possam fazer sem problemas... claro que para mim a refeição terminou com uma Sericaia de lamber os beiços, juntamente com a ameixa de Elvas caramelizada... Depois do almoço, mais um pequeno passeio a pé até ao carro e daí, rumo ao Cercal e de regresso à Herdade, para um passeio de Segway até à Barragem de Campilhas. Para uma primeira vez em cima do dito aparelho, até nem correu mal e para experiência foi engraçado... especialmente o facto de ser todo o terreno e isso permitir o passeio tanto pelos caminhos da herdade como por estrada. Depois, rumo à piscina e de lá a umas excelentes omeletes para o jantar, seguido do tradicional repouso alentejano... e rumo ao terceiro dia deste relato...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O dia 1 - Porto Covo

"Roendo uma laranja na falésia... olhando mundo azul à minha frente... ouvindo um rouxinol na redondeza..." era assim que começava Rui Veloso a cantar sobre Porto Covo.


Estando aqui a escassos quilómetros do Cercal, Porto Covo é um pulinho daqui, e foi precisamente por onde resolvemos começar os nossos passeios. Uma simples Vila Piscatória, mudada profundamente pelo turismo (felizmente não degradada), e onde se sente um ambiente no mínimo ... antigo. Infelizmente, por aqui a tolerância de ponto pela visita do papa também se fez marcada e como tal estava quase tudo fechado. Ficou a beleza da visita, e das vistas pelas praias desde Sines até Porto Covo. E claro, ficou um gatafunho, como não podia deixar de ser...
Mas como passeio, é uma vilazinha que merece bem a pena ser visitada. As praias da Costa Vicentina são lindíssimas, e apesar de um céu por vezes plúmbeo, o sol vai espreitando e convida ao passeio de pés na areia, e a uma paragem pelas esplanadas...ainda que onde parámos se estivesse com uma grande concentração a ver a missa do Terreiro do Paço, e nós resolvêssemos estar a comentar o evento em rigoroso exclusivo, e as poucas pessoas no café, especialmente atrás do balcão estavam quase prontas para nos fulminar, caso o pudessem fazer... o que é sempre especialmente divertido.

Claro que há muito para fazer, e ao longo destes dias foram já muitos os passeios, muitos gostos e muitos gatafunhos... mas desses ainda vou continuar a falar ao longo dos próximos dias...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Por terras alentejanas...


...há de tudo. Sol, praia, piscina, pequenos paraísos. Passeios de segway. E muitos gatafunhos para publicar.... por isso mesmo, é estarem com atenção que nos próximos dias eles já vão andar por aqui para vossa diversão... porque acreditem, que iam gostar de estar por aqui...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Como mudámos tanto, em tão pouco tempo...


Já todos nós ouvimos falar em conflitos de gerações e de uma maneira ou de outra, como filhos primeiro, como pais ou irmãos mais velhos depois, já nos deparámos com choques entre as sucessivas gerações.

Por um lado, as necessidades da geração mais nova de se afirmar. Por outro, as gerações mais velhas a quererem incutir (e por vezes impôr) valores morais, sociais, etc...

Algo contudo se tem vindo a passar nos últimos anos e esta geração mais nova que agora chegou aos 20 anos, está de uma maneira ou de outra um bocadinho... desorientada. Senão, veja-se a sequência: nos anos 60 tivemos os hippies. Nos 70, o disco. Nos 80, o pop. Nos 90, a geração "rasca"... e a partir do ano 2000 a Geração Morangos com Açúcar. E é precisamente sobre esta nova geração que hoje vou escrever. Que são os mais novinhos e que agora chegam à idade em que precisam ainda de levar uns puxões de orelhas, e mesmo assim, não vão lá.

Veja-se um exemplo. Na moda, em vez de quererem inovar... limitam-se a imitar (o vulgo, corriqueiro, estilo Cristiano Ronaldo para os rapazes). Na música, imperam os re-mixes de temas com os quais eu nasci, nos anos 70. Na escola, quem é o maior, é precisamente quem sabe menos. E por aí fora. E de repente, nesta geração, estão em idade de se casarem e constituirem família. E depois? Na Geração Moranga, os produtos como que caem já pré fabricados do céu fantástico do telemarketing, ou melhor ainda directamente de um hipermercado online. Ou ainda melhor e aí sim, a cereja no topo do bolo, vem directamente das cadeias de fast food.

Tenho um grande amigo, por quem nutro uma grande amizade que está precisamente nesta fase da vida, e a quem dedico inteiramente este post. Para ele, a comida, ainda que venha da terra (bendita educação de raíz que teve...) mas aparece milagrosamente cozinhada no prato. E é directamente pronta a comer. Não há trabalho prévio (para ele), a cozedura é controlada em poucos minutos (para ele) e voilá tudo pronto a comer. E claro, qualquer tipo de trabalho extra em casa é coisa que alguém há-de fazer. Portanto, e apesar de uma saudável educação de base, está quieto quanto a tudo o resto. Cozinhar, nem pensar nisso! Lavar a loiça? Pior um pouco... Limpar a casa, alguém há-de limpar. E este grande amigo está a poucas semanas de se tornar pai, e veremos o que vai trazer em prol da educação do novo rebento que está a caminho.

Mas infelizmente, ele não é único. Tenho a certeza que centenas de pessoas por esse mundo fora são exactamente iguais. Felizmente existirão excepções. Mas não é por isso que deixo de gostar menos deste amigo, e é dele a foto que ilustra este post, e que mostra precisamente dois specimen femininos da respectiva Geração Moranga, de garrafa de Vodka Preto na mão, e ainda nem eram 18 horas de uma bem passada terça feira. E são estes os que vão educar a próxima geração...

(Desculpem-me os mais novos se soei a Velho do Restelo...)

(Agradeço ao Bruno do blog http://spotterblog21.blogspot.com/ pela foto e pela inspiração para escrever o post sobre a geração mais nova...)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Ele há dias...

...em que se acorda assim. E que dá prazer acordar...

sábado, 27 de março de 2010

Estacionamento civilizado ?


Eis aqui dois exemplos de um conhecimento fantástico do código da estrada.


Este exemplo abaixo... Acho que ficamos a perguntar como é que pôs o carro ali? Porque os pinos estão ali para ninguém estacionar mas no entanto como são pinos de borracha o senhor conseguia passar por cima a brincar. Temos de admitir que é de macho transgredir regras lol.



Este segundo exemplo foi em Campo de Ourique em que uma senhora lembrou-se de parar o carro assim no meio do nada. No entanto não se apercebeu que está no meio de um cruzamento. Até estava muito curioso para saber a desculpa:
"Olhe tá a ver, eu tenho de estacionar o carro e ponto final, não gosta azar seu ouviu?"




segunda-feira, 8 de março de 2010

TGV's a baixa/média velocidade...

Depois de uma ausência que me foi imposta por mim mesmo (consciente, portanto) eis que regresso com um tema que hoje andou na baila, à conta do PEC - Plano de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo. E hoje, espantem-se, não venho falar das coisas que estão mal, e dos erros que nos fazem rir, mas de coisas sobre as quais tenho algum conhecimento, e sobre as quais estou habilitado a falar. E hoje falo sobre o TGV e o caso português do dito cujo. Quando o Governo de Durão Barroso, com Ferreira Leite na pasta das Finanças assinaram o Convénio Ibérico para as Ligações de Alta Velocidade, estava-se longe de um consenso, principalmente pelo número de linhas / ligações entretanto propostas e que eram 5, configurando uma espécie de Pi deitado. Ferreira Leite foi na altura contra o despesismo que as 5 linhas provocavam, propondo como máximo 3, e configurando assim o que ficou conhecido como o T deitado.
Foi já com o PSD derrotado nas urnas, que o primeiro Governo de José Sócrates se lançou de novo ao projecto, mas desta vez ficando com uma espécie de L, com previsões de ligações lá para o futuro que talvez viessem a cumprir o T ou o Pi...
Ou seja, somatório de erros anos após anos... à direita, ao centro e à esquerda. Sucessivos lobbies para que o bendito comboio parasse nas mais variadas terreolas (perdoem-me pelo adjectivo os habitantes de Coimbra, Aveiro, Santarém, Entroncamento, Viseu, Covilhã, Guarda, Faro... etc etc ). Promessas governamentais e oposicionistas. Assinaturas, Convénios, Congressos,sei lá o que mais.
Ora, com o PEC hoje apresentado, ficou-se a saber que a linha da AV a ser construída entre Lisboa e Vigo, com paragem no Porto foi adiada por um período de 2 anos. (Será que MFL afinal tinha razão há 6 anos atrás quando falava do despesismo?)
Bom, passando aos factos: uma linha de AV entre Lisboa e Porto não faz qualquer sentido. E porquê? Porque Lisboa e Porto distam entre si apenas uns escassos 357 Km (Fonte: ACP). Ora, qualquer comboio de AV que se preste, é assim considerado por conseguir velocidades médias superiores a 300 Km/h em mais de 50% do percurso. Logo e apenas por uma simples razão de aritmética, AV entre Lisboa e Porto não funciona.
Lisboa e Madrid distam cerca de 600 Km, e aí uma linha de AV talvez se torne concorrencial com o avião e apoie na redução dos custos ambientais. E perguntem-se, pasmados, porque é que o autor destas linahs defende uma Linha de AV Lisboa-Madrid e não uma linha de AV Porto-Lisboa-Madrid ou mesmo um directo Porto-Madrid? Porque não faz falta. Nem os espanhóis têm assim tantos interesses comerciais na região norte, nem os empresários nortenhos têm assim tantos negócios em Madrid. Lisboa-Madrid é fundamental? Não. Pelas mesmas razões. Mas poderia ser benéfico? Sim, se considerarmos os ditos factores concorrenciais.
Ou seja, e ainda que seja uma medida extraordinária tomada pelo Governo, em função do PEC 2010-2013, foi benéfico. E foi, porque nos evita uma obra publica gigantesca, faraónica, e que em nada nos viria a beneficiar. (Já agora, Portugal é o país onde o desinvestimento ferroviário mais se nota desde o Estado Novo, quando se massificou a utilização do automóvel). E desta vez, ao contrário do que tem sido habitual nos últimos tempos... esta é uma medida do Governo de José Sócrates que eu aplaudo...

A todos os que quiserem saber mais sobre o TGV, as ligações, etc, desde que eu saiba responder às questões, é só deixarem-nas nos comentários, ou enviarem mail, que tenho todo o gosto em ajudar a esclarecer tudo o que quiserem saber.



(a foto é da Alemanha, onde a AV já é uma realidade desde 1994... num país com dimensões muito superiores ao nosso, e onde o comboio é estimado como meio de transporte, e foi retirada da Net, de forma a ilustrar o artigo)


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Madeira, um caso de inspiração?

Sei que o título pode ser estranho mas eu explico o porquê.

Sem dúvida que a tragédia da Madeira foi inesperada mas ao mesmo tempo havia avisos da má organização no que toca a contrução de casas em sitios de risco. Mas pondo isso de parte, aquilo que me faz pensar e sentir bem, porque nunca se sabe o que pode acontecer após um desastre natural, é o facto de o povo madeirense se ter juntado imediatamente para arrumar o que a natureza desarrumou, após uma semana são bem visíveis os trabalho de limpeza na baixa, já existem lojas abertas, muitas das lojas já estão quase prontas, e pelas palavras de um madeirense na televisão:"Tudo está a voltar ao normal e é graças ao facto de todos se juntarem e ajudarem uns aos outros". Será que é este comportamente que nos define verdadeiramente como "seres civilizados"? Acho que não há maior acto de altruísmo humano que este exemplo. Infelizmente há sempre um outro indivíduo que aproveita para roubar algumas coisas mas felizmente foi apenas uma vez e não se voltou a registar mais casos.
Infelizmente as zonas mais afectadas vão precisar de muito trabalho, é preciso é ter força, continuar em frente e lembrar os que partiram.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Porquê nem um centavo meu para o Haiti.

De certeza que o que vou escrever vai ser um pouco duro, controverso e dito de um ser gélido e sem sentimentos, chamem-me racista ou o que quiserem, pois as verdades custam a ouvir...

Antes demais aquilo que mais me deixou estupefacto foi esta declaração do presidente do Haiti:

"O palácio presidencial encontra-se em ruínas, e neste momento o que tenho é apenas wifi no computador portátil."

...Acho que a frase fala por si.


O que vejo para ter uma opinião tão crua? É verdade que é um enorme desastre, mas vejamos, o presidente está-se (desculpem o termo) pouco cagando para o país, após se refugiar no aeroporto não tem feito absolutamente nada pelo povo, é tão estranho saber que recentemente em Portugal sofremos um sismo quase da mesma magnitude e no entanto os estragos no Haiti deve-se à deficiência de manutenção das estruturas que é inexistente como em muito países em África (que nem dou exemplos senão não saímos daqui).

O povo sobrevivente grande parte mete-me nojo, as imagens mostram cada um por si, é raro ver imagens em que as pessoas se ajudem mutuamente, é verdade que é um país pobre e ficou ainda pior mas não é razão para as pessoas deixarem de ser humanas e civilizadas, não vejo pessoas a organizarem-se e a racionarem comida e outros bens, lutam entre si como se fossem animais selvagens, milhares de corpos ocupam ruas e limitam-se a passar a andar e não fazem nada, olham e colocam as mãos nas ancas, os traficantes de droga tomam posse de zonas pois não há ninguém para impôr ordem. O mais incrível é ver imagens de gente a pilhar, e é mais triste ver todo o tipo de gente a pilhar, dos 8 aos 80 anos, e que se lixem os mortos. Começam a aparecer vendedores de medicamentos (pilhados de farmácias) a venderem tudo a preço de ouro e o pior é que as pessoas estão a comprar sem saberem os efeitos dos medicamentos. No meio disto tudo a parte boa e rica do Haiti que também foi atingida não ficou muito danificada não tem tido problemas de criminalidade e de ajuda de dentro do país. Que se lixem os pobres.

Muitos Haitianos queixam-se de que a ajuda internacional está a demorar, a verdade é que a ajuda é tanta que o Haiti não tem infrastruturas suficientes para tanta ajuda e só consegue ser entregue a conta gotas sendo a única maneira de evitar grandes motins e oportunidade de gente sem escrúpulos.

A única maneira de eu ajudar seria cuidar nem que fosse uma criança de muitas milhares que ficaram sozinhas. Seria capaz de a receber nos meus braços, dar-lhe afecto, carinho e educação. O mais incrível é que o sismo que destruíu muitos orfanatos fez acelerar processos de adopção que se arrastavam há anos.

Podia falar muito mais, podia falar das escolas dizimadas que hoje escondem cadáveres de centenas e centenas de crianças, do rapto de crianças para tráfico de orgãos ou para prostituição ou trabalho infantil.

Porque é que não vimos tanto comportamento animal na Ásia quando houve o tsunami?

Sei que é um posto confuso e com muita raiva, mas era necessário deitar cá para fora.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nunca devemos esquecer...

Passaram ontem 65 anos desde a libertação dos prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia. A data poderia ter passado, como passou na maior parte dos casos pelo quase total esquecimento, salvo para os muitos milhares que felizmente persistem em preservar a memória.

Naquele que se tornou o mais infâme e célebre dos "Campos de Trabalhos" Nazi, o campo de Auschwitz Birkenau, foram exterminados milhares de judeus, padres, deficientes, homossexuais, e todos aqueles que eram contra o regime estabelecido por Hitler e os seus lunáticos seguidores. Contando com uma inscrição que se tornaria a mais irónica da história "Arbeit Macht Frei"(O trabalho liberta) sobre a sua porta principal, foi preciso esperar com muito sofrimento e agonia uma libertação que apesar de iminente desde o dia do desembarque dos Aliados na Normandia, se foi tornando penosa, cada vez mais à medida que as cabeças da águia iam sendo cortadas e os comandos nazis julgados e exterminados.

Mas 65 anos são muito tempo... e talvez não tenham sido suficientes para relembrarmos sempre as atrocidades cometidas em nome do "apuramento da raça". Nos dias de hoje, o Reino Unido aboliu dos seus manuais de história o Holocausto por poder "ferir a susceptibilidade" dos muçulmanos lá residentes e integrados na sociedade britânica. Os dirigentes do Irão negam o Holocausto e continuam a afirmar que não passou de uma manobra de contra-propaganda. Há poucos dias, mais um padre católico afirmou que o Holocausto nunca teria acontecido.

A verdade é que com o passar dos anos esquecemos. Afundamo-nos em doces melodias da economia, do conforto... e tudo o que foi mau eclipsamos da nossa memória. Mas se passámos por tudo isso, foi porque tinha de ser. E se atentarmos na História, repare-se como desde o Império Romano, a Europa sempre foi assolada por sucessivos Holocaustos... Césares, Carlos Magno, Napoleão, Hitler... todos com as suas loucuras, todos com as suas genialidades, todos com os seus ideiais... em que eram eles diferentes do que somos hoje?

Por isso, e aos que nos lêem, peço que pensem, reflictam, e ajudem com a vossa maneira de ser a que nunca esqueçamos. Pensem sobretudo que nos cabe a nós mudar o dia de hoje para amanhã termos um dia melhor. Também o autor da mensagem que vos deixo a seguir morreu na sua busca pela Paz e por um mundo melhor... Imaginem um mundo sem guerras, sem fome. Um mundo em que todos possamos realmente ser irmãos e sobretudo, ser melhores.



(Obrigado aos que também a mim ajudaram a relembrar o dia de ontem, e a passar a mensagem para o amanhã...)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Utopia

"Utopia - subst f [utu'piɐ] sonho impossível de realizar"

Por vezes dou por mim a pensar em realidades paralelas... o que aconteceria se isto fosse assim, se tal acontecesse de outra maneira... o que acontecia se naquele dia eu tivesse virado à esquerda, em vez de contornar pela direita?

Esta é uma coisa que por vezes nos assalta no dia a dia e nas mais diferentes situações. O mesmo se passa com relação ao mundo em que vivemos. Eu sou um apaixonado por História. Seria o mundo o mesmo se não tivesse acontecido o Holocausto Nazi? A Comunidade Europeia seria a mesma? O Euro seria moeda oficial? Seríamos todos alemães?
Seríamos o mesmo povo sem Descobrimentos? Seríamos os mesmos se Salazar nunca tivesse descido da sua Cátedra de Coimbra para governar o país durante 40 anos? Seríamos iguais se em vez de uma Revolução com cravos tivéssemos uma revolução popular com um banho de sangue?
O que seria então dos Soares, Sócrates, Cavacos, Leites, Portas, Louçãs, Sousas e tantos outros? O que seria do amor livre sem Woodstock? Dos homosexuais sem Harvey Milk? Dos escravos sem Luther King?

São as dúvidas que ficam e que ficarão para sempre. O video que vos deixo hoje é um pouquinho para nos fazer pensar. O que aconteceu aos nossos valores? Eu sou um fã confesso dos Within Temptation (ainda que seja mais da fase mais gótica e metálica que da versão pop, mas pronto...) e este ultimo single deles tem uma força incontornável que me fez pensar.



Observem as várias situações que aparecem descritas no video e que são um espelho da nossa sociedade "moderna". E porque é que o mundo melhor tem de ser uma utopia?

sábado, 16 de janeiro de 2010

Gastronomicamente experimentando...

Ontem teve lugar no "laboratório caseiro", tambem conhecido como cozinha, uma experiência com a gastronomia japonesa, tão exótica e diferente do habitual que sem dúvida merece aqui uma palavrinha...

Na cozinha de lá de casa, eu e o outro autor de cá do blogue metemo-nos em experiências e munidos de um bem ilustrado livro de receitas e com os ingredientes certos bem distribuidos na cozinha pusemos as mãos ao sushi. Experimentando nas pontas dos dedos o saber milenar de Gueixas e Samurais, munidos de facas de gumes afiados lá nos metemos na deliciosa aventura dos saberes e sabores orientais.

Claro que conseguimos estabelecer paralelos culinários... a alga kombu é muito semelhante em cheiro ao nosso querido e culinário caldo knorr, e deixa no arroz de sushi um cheirinho e um aroma que lhe são muito característicos. O arroz vagamente arredondado e muito mais curtinho que o nosso agulha é perfeito para criar o envólucro onde vai repousar o peixe e os legumes, cortados e fatiados em tiras com a espessura de um lápis escolar. A cozinha japonesa é sem dúvida uma arte, tanto no sabor como no aspecto.

E finalmente percebemos e conseguimos quantificar o valor que pagamos num restaurante japonês... passámos umas divertidas 5 horas na cozinha, entre as fervuras e arrefecimento do arroz, o enrolar da alga nori, o recheio de peixe e o descobrir de novos sabores graças ao saké doce e às sementes de sésamo com que temperámos algumas sobras do peixe e um pepino. O resultado final não poderia ter sido melhor, com um sabor no mínimo... espectacular, realçado pelo molho de soja e pelo wasabi preparado propositadamente para a experiência.

Numa próxima oportunidade convidaremos os amigos para irem experimentar também, já que temos ainda mais experiências gastronómicas japonesas por realizar... até lá, deixo-vos com as fotos que me estão de novo a abrir o apetite...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Culturas...


No meio de tanta discussão sobre os casamentos, eu e o meu mais que tudo encontrámos umas ideias no minimo originais para quando decidirmos casar... claro, boas para qualquer apreciador da Guerra das Estrelas... Esta seria a foto de grupo... ali estou eu de branco, que linda... :P


E depois, é claro, há que pensar na menina das alianças, que até pode ser a "peste" da familia. E que melhor maneira de a vestir no dia do casamento e obrigá-la a levar as alianças como se vê na outra foto... ?




Agora deixando-nos dos assuntos "culturais" de cá, em que continua na ordem do dia o casamento entre pessoas do mesmo sexo... passemos a assuntos igualmente culturais.

Parece que ultimamente, os "flash mobs" estão na moda, como maneira de chamar a atenção. Alem do marketing, que ajuda a "vender" os lugares, gosto especialmente quando têm uma mensagem, senão, olhem lá o video do mercado de Valência. E ao comentário que se apresenta mesmo no final do video... Eles têm ou não têm razão? Os Gusta?


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Isto dá um novo mote a "Sinto Jesus dentro de mim!"


domingo, 3 de janeiro de 2010

"Casamento" ou Casamento

Há coisas com as quais simplesmente me sinto ofendido, e uma delas tem sido com a discussão estéril que tem havido à volta da proposta do Governo para o Casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Acho sinceramente que o maior problema no meio de todo o turbilhão é precisamente o facto de se chamar "Casamento"... ora, se o que se procura é lutar por direitos de igualdade consagrados universalmente na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, custa-me a "engolir" determinados argumentos que não passam de simples palavras ao vento. O mail que recebi hoje e que a seguir transcrevo, vem na sequência da recolha de assinaturas da petição a solicitar a realização de um referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Ora o que quanto a mim fica por dizer é realmente a questão dos direitos que assistem no casamento e não a instituição casamento em si. Eu pessoalmente acho ridicula a cerimónia do casamento, seja ela entre pessoas do mesmo sexo, de sexos diferentes ou animais... simplesmente porque acho que a cerimonia do casamento é uma forma de muitos interesses adquiridos fazerem por sacar mais uns euros... desde o padre ao sacristão, à florista, ao serviço de catering, a tudo o resto, para que muitas vezes se acabe meses depois. O que não se diz são os direitos que se adquirem posteriormente, e que vão muito alem da assinatura do novo nome, acrescentando-o aos apelidos restantes, ao direito de herança por falecimento de um dos cônjuges, ao direito de usufruir dos beneficios e deveres fiscais pela figura do casal e não em nome individual. Contudo, nisso não se fala, e abala-se a separação entre a Igreja e o Estado, que cada vez se nota menos...

Mas passemos ao mail em questão, e no final vejam o video, pois só conhecendo todos os intervenientes e as suas ideias podemos formar ideias esclarecidas e esclarecer outras dúvidas pendentes.

Transcrição:

"Só não vê quem é maricas e pronto. E só mudo de ideias e deixo estes preconceitos o dia que me provem que dois destes rabichos consigam dar à luz. Até lá continuo a desviar-me de quem fala nestas tretas. Senão reparem:

- A GRÉCIA ESTÁ QUASE NA BANCARROTA;

- A IRLANDA REDUZIU OS SALÁRIOS EM QUASE 20% PARA COMBATER A CRISE;

- A ESPANHA TEM UM DÉFICE DE QUASE 12% OU MAIS;

- ACHAM QUE PORTUGAL ESTÁ EM CONDIÇÕES DE ASSOBIAR PARA O LADO E PERDER TEMPO COM DISCUSSÕES FÚTEIS DE MARICAS. ? NÓS ESTAMOS MUITO PIORES DO QUE ESTES 3 PAISES. O ESTOURO É CERTO. RESTA SABER QUANDO.

UMA COISA É SER MARICAS. A OUTRA É NÃO QUERER SER SOZINHO E CHEGAR AO PONTO OU SOB O PRETEXTO DE UMA SOCIEDADE ABERTA E TOLERANTE LEGALIZÁ-LOS. IRRA QUE É DEMAIS....

Vejam o vídeo..."





Por estas e por outras é que acho que em vez de estarmos mais livres e mais independentes, cada vez somos um povo mais estúpido e ignorante...