segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sem luz ao fundo do túnel

A propósito do video publicado pela SIC, com o tema da actualidade da Mina de S.Domingos, que podem ver aqui (é quase meia hora de video):



ocorreram-me algumas ideias engraçadas... sendo eu, como me conhecem um admirador confesso de caminhos de ferro, espanta-me como temos vindo sempre a encarar a inauguração do Caminho de Ferro em Portugal como a datada de 1856 entre Lisboa e o Carregado, quando já muitos anos antes uma Companhia Inglesa estabelecia uma via com 17 Km, e que ligava a Mina de S.Domingos ao porto fluvial do Pomarão, sobranceiro ao Guadiana, e de onde se expediam a pirite e seus derivados, inicialmente para o estrangeiro, e nos ultimos tempos para alimentar a CUF no Barreiro.
Foi com o fim do filão e a consequente falência da Companhia que explorava a mina, que a Mina foi abandonada, saqueada e tudo o que poderia existir ainda hoje para o estabelecimento de um museu, logo à partida "condenado" pela sua interioridade, vendido a peso para as sucatas.

Ora, num país sem nenhumas tradições culturais como o nosso, não é de estranhar que isto tenha acontecido, e mesmo ali ao lado de S.Domingos temos as minas de Rio Tinto. Da mesma maneira que S.Domingos, a mina espanhola encerrou o seu filão, mas foi prontamente salvaguardada e é hoje um dos mais interessantes pólos museológicos da provincia de Huelva, como atesta o próprio site do Parque mineiro . Por cá as intenções esbateram-se na burocracia, e na inércia que nos caracteriza... enfim, retratos tristes de um interior que foi esquecido por Lisboa, por Bruxelas, por fundos comunitários, por vontades locais, nacionais, investidores e por aí fora... e este é apenas um dos muitos exemplos...