quinta-feira, 18 de julho de 2013

Já não há sorrisos como antigamente

Já não há sorrisos como antigamente.

Passo pelas pessoas na rua e não vejo sorrisos abertos, francos. Aqui e ali um sorriso cínico e fingido,  por força das circunstâncias e do politicamente correcto. Os adultos, padecendo das circunstâncias do destino, da sina, do fado a que os condenaram dezenas de partidos e mandantes esforçados por sorrirem a si mesmos e aos que os apoiam, ao longo de décadas. As crianças, antes de sorriso fácil, já não sorriem. Choram, berram, ávidas da afeição pelas consolas de jogos que deixaram em casa. Os parques infantis, outrora locais de convivio salutar e de anti-histamínicos contra as alergias da sociedade, são hoje laboratórios herméticos e assépticos, onde as alergias não proliferam e não ajudam a criar as defesas naturais. No bairro, as árvores descaem, à espera de quem as regue, para suportarem o calor do estio. Os velhos sentados, aproveitam as suas sombras, zombando dos sorrisos dos novos, saudosos dos sorrisos do passado. 

Os sorrisos de antigamente, abertos, francos, fraternos, desapareceram. Foram substituidos pelos sorrisos fechados, falsos, plásticos, mascarando uma tristeza colectiva.

Olho para o meu bairro. Os sorrisos desapareceram. As pessoas estão deprimidas. Os velhos, saudosos. Os novos, sem esperança. As crianças, que futuro? 

Morrem os velhos, morre o meu bairro. Os novos ficam velhos, e não sorriem. 

E as crianças? Que futuro tem elas? Ainda haverá sorrisos quando as crianças forem velhos?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Curiosos tempos estes...

... em que todos os dias acordamos com novidades... perdão, alarvidades. Hoje um imposto extraordinário, amanhã um novo incentivo à emigração. Eu disse emigração? Ups. Não quero soar como o primeiro ministro. 

Para aqueles que me conhecem bem ou mesmo razoavelmente bem, é notória a minha inclinação para o centro direita da esfera política, ainda que a nível ideológico eu concorde com muitas coisas na esquerda dita "moderada". Nos anos que tenho, marcados sobretudo por fortíssimas influências políticas familiares (na minha família próxima tive informadores da PIDE e resistentes antifascistas, tenho Presidentes de Câmara Municipal e de Junta de Freguesia), levaram-me a acompanhar vivamente a política portuguesa. "Acordei politicamente" durante os governos do Prof. Cavaco Silva, especialmente por conta da então ministra da educação, a Dra. Manuela Ferreira Leite contra quem contestei. Apesar de me ter mantido sempre discreto, pois não busco ribalta nem aventuras que fujam ao habitual, confesso aqui que gostaria de me ter candidatado a Presidente da Junta de Freguesia da terra que considero minha, muito mais do que a cidade onde nasci. Mas este governo, impediu-me. Vão acabar com a minha freguesia, fundindo-a com outras duas. E uma freguesia destas dimensões vai muito para além do que eu pudesse almejar. 

Sigamos em frente, que o que aqui vim hoje desabafar não se prende com a minha política ou os meus desígnios pessoais. Prende-se com a pergunta que mais tem ecoado na minha cabeça nos últimos dias, que é : "Mas quem nos governa está louco?" Senão, veja-se: acredito, talvez de forma demasiado inocente, que chegámos a este ponto por culpa de uma sequência enorme de governantes sem cabeça, ou movidos pelo impulso, e que começaram em Mário Soares, passando por Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e agora Passos Coelho. Precisávamos de ajuda externa? Sim. Tal como já tínhamos precisado quando Soares foi primeiro ministro, mas já não se lembra. Mas Sócrates não a quis pedir a tempo devido, e acabou por ser afastado do poleiro de primeiro ministro. Substituido por uma espécie de continuação de mau gosto, qual D. Sebastião renascido por entre as brumas do Tejo, cavalgando desde o seu territóriozinho de Massamá, Passos Coelho chegou-se à frente. Mas como não conseguia sozinho, pediu ajuda a Paulo Portas, que de tanto andar nas feiras, quase se esquecia da realidade e agora não pode voltar às mesmas feiras, que possivelmente quem lhe dava os beijinhos agora ficar-se-ia por uns tomates ou uma bela chaputa nas ventas. A autoridade e a credibilidade deste governo morreram no momento em que Passos depositou a sua confiança em Relvas. Esse numero dois, que na realidade é muito mais que numero um, entrava para o governo, era ferido de morte nos jornais e era salvo pelo primeiro ministro. O messias do país caiu assim redondinho numa armadilha mortal de tal ordem em que já ninguem mais o larga. Do lado do PS, José António Seguro hesita entre ser uma alternativa ou um líder a prazo, rodeado daqueles que ajudaram a fazer cair o governo de José Sócrates. 

Hoje vejo Relvas a tentar entoar "Grândola, Vila Morena" e a única coisa que me vem à ideia é a imagem de Zeca Afonso a rebolar-se no túmulo. Fosse o "Walking Dead" real e não sei se um Zeca Zombie não viria atormentar o Relvas. Mas como o "pobre coitado" do Relvas se comove muito com o desemprego juvenil, ao ponto de isso "lhe tirar o sono", ainda usaria isso em seu favor. Isso ou uma qualquer equivalência obtida por cavar buraquinhos na areia da praia e que lhe desse a possibilidade de substituir um coveiro. 

Resumindo, Passos está morto clinicamente. Portas, morto cerebralmente. Seguro, em estertores. Aliados e inimigos sucedem-se, tentando perceber quem dará a primeira facada ou desferirá o golpe de misericórdia. E no meio de todos eles, o português lixa-se vergonhosamente e com "F" maíusculo. Alternativas? Neste momento nenhumas. O oásis anda longe, e ainda nos falta muito de travessia do deserto. Quantos de nós sobreviveremos? Ou será que voltaremos a ter a capacidade de pensar por nós, e tal como há 105 anos , damos um tiro a quem nos governa e pomos em marcha uma revolução séria? 

Eu por mim, aqui continuo. Observando. Esperando. E comentando. Já que pouco mais posso fazer. 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Requiem

Falta cada vez menos para morrermos. Pelo menos para morrermos estúpidos. Ó povo ignorante, cada vez mais estupidificado apesar dos estudos cada vez mais avançados. Ó povo cada vez mais inteligente e menos esperto. Ó povo adormecido, que cais em festivais e em futebóis, e em missas da Cova da Iria. Sim. Foram vocês, portugueses, que levantaram uma Pátria. Que deram mundos ao mundo. Que governaram meio mundo. Que colocaram ditadores no poder. Que apesar de não gostarem, lhe agradeceram ter-vos livrado de uma Guerra Mundial. Que o deixaram agonizar e morrer numa cadeira, e o substituiram por um que vos deu uma "primavera". E ao qual tiraram do poder com uma revolução em que as balas foram cravos. E os substituiram pelos democratas. Mais socialistas, mais comunistas, mais moderados, mais democratas-cristãos. E todos com ânsias de serem eles os novos dirigentes (palavra que afinal se assemelha a ditadores, mas é mais politicamente correcta). 
Ó jovens que cais semana após semana nos bares do Bairro Alto e do Cais do Sodré. Jovens que dais cabo dos olhos sentados frente aos computadores a consumir o que os outros consomem. 
Ó velhos que lutaram, onde foi parar a vossa inspiração?
Ó companheiros de armas que lutaram por uma África que era nossa e afinal entregámos de mão beijada e pela qual recebemos agora os pagamentos?

Onde anda o espírito português? Onde estão as ninfas e as musas do Tejo a inspirar poetas e escritores? 

Onde estão os verdadeiros e inspiradores ídolos? (Não é de certeza em programas de televisão, esse equipamento de lavagem cerebral em massa) 

Onde estamos nós Portugueses? 

Onde estamos nós que soubémos levantar-nos contra um governo (o anterior) para tirarmos o tapete a um primeiro-ministro acusado e acossado de todas as maneiras? Os mesmos que baralhámos e tornámos a dar as cartas. Com novas caras nem por isso melhores que as anteriores. 

Onde está a nossa indignação por nos estarem a roubar descaradamente: nos vencimentos, nos subsídios, nos trabalhos, nos transportes, e até na cultura, esse "luxo" da sociedade a que nos damos.

Vamos continuar por quanto tempo parados? Por quanto tempo imóveis? Por quanto tempo mais vamos estar anestesiados? Até nos terem roubado tudo? Até termos emigrado todos como o nosso primeiro ministro aconselhou?

Por quanto tempo mais vamos querer ver-nos a nós próprios morrer? 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Carta aberta

"Sr. Primeiro-Ministro,
Calculo que nunca irá ler esta carta que lhe escrevo, a menos que algum dia me surpreenda e me responda. Fiz a minha formação em Engenharia Civil, com uma especialidade em Caminhos de Ferro, e ao contrário do seu ministro adjunto, o Dr. Miguel Relvas, eu passei sete anos da minha vida até a concluir, sem outros auxílios, que aqueles que proporcionei a mim mesmo e que a faculdade me concedeu, como concede a todos os alunos.
Sei bem que para si, serei apenas mais um número, mais um eleitor, mas por sinal apoiei a escrita do seu programa de governo, e devo ter sido um da minoria de portugueses que votou esclarecido sobre o que estava a fazer.
Quero com isto dizer que acreditei em si. Que tinha capacidades de ser o D.Sebastião que regressava para nos retirar do nevoeiro do "socratismo". Enganei-me. Acreditei, desde cedo, com a minha formação, que a ideologia social democrata era um caminho justo, social e economicamente. Enganei-me. Acreditei que finalmente consigo acabariam os lobbies e os favores aos amigos e aos familiares. Enganei-me.
Recuando até à minha área, o que me leva a escrever-lhe hoje, é que uma empresa pública do sector Estado, para a qual contribuo, tal como milhares de outros contribuintes, acaba de declarar o encerramento definitivo do Ramal de Cáceres. Acaba-se com o comboio, em vez de favorecer o transporte público, especialmente em tempos de crise. Venceu o lobby do betão e do alcatrão. Prometeu por sinal aos autarcas da região uma auto-estrada directa, como o fez o prof. Aníbal Cavaco Silva com Viseu e com Bragança, quando encerrou a linha do Vouga e a do Tua? Ou quando matou e enterrou Barca d'Alva? Ou as linhas em redor de Évora? Ou o Ramal de Moura?
Pergunto-me, numa óptica do utilizadr pagador, como a que nos querem fazer acreditar que existe com as autoestradas e as CCut (ex-Scut), o utilizador pagador não andaria de comboio se tivesse bons serviços? Se tivesse bons horários?
Deixo-lhe aqui uma sugestão. Proponha também o encerramento da Linha de Sintra e da de Cascais e a sua transformação em privilegiados corredores BUS. Como o Sr. mora em Massamá, até teria maior facilidade em chegar a Lisboa, utilizando as vias prioritárias para o efeito. Mate o que resta do caminho de ferro, pois assim como assim, em betão e asfalto ganha-se mais com menos manutenção. E acaba-se com esses sorvedouros de dinheiros públicos que são a CP e a Refer... Tem é de se precaver, pois assim são menos dois "tachos" a atribuir quando terminar o seu mandato.
Hoje estou de luto pela Beirã e por essas povoações ligadas ao ramal de Cáceres, mas até compreendo porque eles são muito menos contribuintes que nós que para aqui estamos em Lisboa. Qualquer dia, e mesmo seguindo o seu conselho sábio, nem comboios temos para emigrar.
Deixo-o com um abraço e o desejo de umas boas férias em família no seu retiro algarvio da Manta Rota, que muito estimo.
Do seu,
RC

quinta-feira, 22 de março de 2012

Greves e afins...

Para a greve e manifestação de hoje em Lisboa só há uma palavra que me ocorre... traque (com os sinónimos adequados, peido, bufa, etc...)


E porquê? Porque ter acontecido ou não foi exactamente o mesmo. Foi apenas mais uma sem qualquer tipo de consequência maior que provocar mais engarrafamentos em Lisboa (as gasolineiras, e por consequência o governo agradecem o dispêndio de gasolina), alguns acidentes (as seguradoras agradecem), e pouco mais além disso. Não há por aqui nenhum tipo de moralidade que se possa atribuir a uma greve que não tem consequências. Querem e eu acho que há esse direito, faça-se greve por tempo indeterminado, e aí sim, pode ser que o governo titubeie, caia e aconteça o que acontecer.

O lamentável incidente / acidente com os fotojornalistas da Reuters foi apenas uma consequência de mais um grupelho de bandalhos que acreditam que é mandando ovos a bancos (por sinal, as grandes superfícies e demais agradecem) e destruindo coisas pelo caminho (as seguradoras continuam a agradecer) acabam com o episódio da Brasileira. Muito se falou já da coitadinha da jornalista... mas não se refere que a mesma estava no meio dos que estavam a afugentar os turistas e funcionários da Brasileira, que de uma maneira ou outra, com greve ou sem ela, estavam a trabalhar, esses sim na defesa do seu local de trabalho.

Pelas razões apontadas, pela actuação da polícia, pelo autismo do governo, pela passividade dos portugueses e pela "fascização" da esquerda que está cada vez mais radical, acredito que o que vi hoje, na minha cidade e no meu país foi o fim da Democracia. Quando o suposto "povo" é composto por radicais que só se sentem bem com a destruição, pouco mais me resta que ainda me permita acreditar que existe democracia. Já penso que mesmo esta mensagem que escrevo pode ser vista ( e oxalá seja) por gente de polícia e de política, e que até pode levar com traços azuis por cima.

O dia em que deixarmos de acreditar completamente na Democracia, é o dia em que perderemos a Liberdade.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Memórias


Barreiro, sete e trinta da manhã. Mês de Julho e já se sente o calor logo nas primeiras horas do dia. Chega ao cais o barco vindo de Lisboa, e nele são às centenas os que chegam e se preparam para seguirem para férias. Ali mesmo ao lado apitam as buzinas dos comboios. É grande a azáfama na estação. No edifício cor de rosa junto ao Tejo, com a sua arquitectura a lembrar paragens árabes, choram as crianças, despedem-se os amantes apaixonados. Famílias inteiras se apressam a carregar as suas trouxas nos breves metros que separam os barcos dos comboios. Ali na gare, já se forma o comboio. Apita a locomotiva de manobras que traz mais carruagens. Hoje o comboio vai composto. Comboio formado, parte a locomotiva de manobras vem a locomotiva que o há-de levar a outras terras. Grande monstro laranja cuja sonora buzina ecoa por todos os cantos e ensurdece os que ali esperam já pelo próximo comboio. “É para o Alentejo este”, alguém ali ao lado esclarece. O comboio para o Algarve virá depois. Apita a locomotiva, chamando os que se demoram nas plataformas, avisando que está pronta para seguir. Chega o Chefe da Estação, conversa com o Revisor do comboio. Caras familiares, todos os anos os revemos. O Revisor embarca, acena ao Maquinista. O Chefe da Estação prepara a bandeira e o apito, anda uns metros, dá a partida ao comboio. Mais buzinas. Estrondoso som que arranca e estremece até às fundações do edifício e o leito do Tejo. Começa o movimento, mais sons se misturam. Furiosos acenos das janelas e das plataformas. O choro dos amantes, afastados à força. O até breve das famílias. Na linha do lado já se apronta o comboio para Setúbal. Ali outro monstro laranja, ou amarelo se prepara. É o que houver e se arranjar, como estiver segue. Do outro lado do Tejo, na capital era a ordem possível no caos da Estação do Rossio. Aqui procura-se apenas apaziguar o caos com um pouco mais de desordem ordenada. Correm os ultimos passageiros, e arranca com menos barulho o comboio, devagar, cumprimentando e acenando entre si os maquinistas, que o comboio para o Algarve já se forma. Chegam os vagões para as bagagens. “Hoje o comboio para Lagos é a parte de trás ou a da frente do comboio?” Seguem juntos viagem. Mais carruagens, parte delas ficarão mais tarde em Tunes, de onde vão até Lagos. O resto segue viagem tranquila até Vila Real de Santo António. Nas plataformas conversa-se. Mais famílias se despedem tranquilamente, e organizam mais uma vez o farnel. “Ainda são uma série de horas de viagem”. Passa o ferroviário, e carruagem por carruagem pendura a chapa azul com o seu destino. Vila Real de Santo António. É a nossa. Viajamos em primeira classe. Desta vez somos cinco e ocupamos um compartimento. Sobem as malas.
As caixas com lembranças para a família no Algarve. A cesta com o farnel. Apronta-se o comboio. Sente-se um ligeiro choque, chegou a locomotiva. Cada vez mais gente a correr para o comboio. A família que cá fica desce do comboio para a plataforma, e ali vão ficar até o comboio seguir viagem. Mandam-se recomendações para a família que lá está “em baixo”. “Não se esqueçam de comer”.”Aproveitem bem a praia”.”Divirtam-se muito”.”Vão à Espanha às compras? Tragam-me um saquinho de caramelos.”A locomotiva apita, o Chefe de Estação acompanha e acena a bandeira. Sente-se um esticão e começa o movimento. Vamos de férias.”Até breve”- acenam os meus avós da plataforma. No compartimento vamos cinco. Na plataforma ficaram dois. Quando lá chegarmos quem nos vai desta vez esperar à estação? Vão todos, pois claro, que só nos vêem uma vez por ano. Compõem-se as malas, liga-se um rádio a pilhas. Toca a Renascença ou a Comercial, é o que temos. Ali estou, colado na janela a ver passar a paisagem cada vez mais depressa. Ficou para trás o Barreiro. Estão à frente, as férias de verão.

(Nota: Este texto, escrito integralmente de memória foi uma forma de reviver o local que hoje, trinta anos depois está completamente deserto e abandonado. Sem linhas, sem comboios, sem gente, sem ruídos, sem sons, sem movimento.)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Sinto-me enojado...

... com o povo que temos. Porque é que em vez de sentir orgulho nos portugueses, a única coisa que cada vez sinto com mais frequência é asco? Das pequenas atitudes às acções determinantes, vejo ruir à minha volta o que foi construído ao longo dos últimos 30 anos. Sinto que os valores com que me educaram, e os quais pautaram o meu desenvolvimento estão aos poucos a desaparecer. 
Exemplos? Sim. Desde a idosa que vem em passo de corrida para um autocarro, e depois se cola à frente de toda a gente que está à espera do autocarro vai para 10 minutos, só porque é idosa. E ainda reclama quando alguém a chama à atenção. Da moça nova e ainda em boa idade de levar umas valentes nalgadas nas nádegas para aprender que se existe um lugar de estacionamento para deficientes numa superfície comercial ele se destina, espante-se, a deficientes! Que é coisa que a moça não é. Do rapazinho que noutra superfície comercial chegou à sua viatura com o carrinho das compras, que depois de despejado para o interior do veículo, ali ficou abandonado... e que ainda mandou vir comigo quando o fui chamar à atenção, perguntando se o tinha apanhado naquele mesmo sítio. 
Estas são apenas atitudezinhas que cada vez mais eu deixo passar menos no dia a dia. Chamem-me o que quiserem, mas estou mais reivindicativo que nunca. Qualquer dia já conto chegar a casa com um olho negro, mas como "quem vai à guerra, dá e leva", se eu chegar com um olho negro devo ter infligido pancada em alguém. 
Ah, quem me dera ser europeu a sério...