quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Porquê nem um centavo meu para o Haiti.

De certeza que o que vou escrever vai ser um pouco duro, controverso e dito de um ser gélido e sem sentimentos, chamem-me racista ou o que quiserem, pois as verdades custam a ouvir...

Antes demais aquilo que mais me deixou estupefacto foi esta declaração do presidente do Haiti:

"O palácio presidencial encontra-se em ruínas, e neste momento o que tenho é apenas wifi no computador portátil."

...Acho que a frase fala por si.


O que vejo para ter uma opinião tão crua? É verdade que é um enorme desastre, mas vejamos, o presidente está-se (desculpem o termo) pouco cagando para o país, após se refugiar no aeroporto não tem feito absolutamente nada pelo povo, é tão estranho saber que recentemente em Portugal sofremos um sismo quase da mesma magnitude e no entanto os estragos no Haiti deve-se à deficiência de manutenção das estruturas que é inexistente como em muito países em África (que nem dou exemplos senão não saímos daqui).

O povo sobrevivente grande parte mete-me nojo, as imagens mostram cada um por si, é raro ver imagens em que as pessoas se ajudem mutuamente, é verdade que é um país pobre e ficou ainda pior mas não é razão para as pessoas deixarem de ser humanas e civilizadas, não vejo pessoas a organizarem-se e a racionarem comida e outros bens, lutam entre si como se fossem animais selvagens, milhares de corpos ocupam ruas e limitam-se a passar a andar e não fazem nada, olham e colocam as mãos nas ancas, os traficantes de droga tomam posse de zonas pois não há ninguém para impôr ordem. O mais incrível é ver imagens de gente a pilhar, e é mais triste ver todo o tipo de gente a pilhar, dos 8 aos 80 anos, e que se lixem os mortos. Começam a aparecer vendedores de medicamentos (pilhados de farmácias) a venderem tudo a preço de ouro e o pior é que as pessoas estão a comprar sem saberem os efeitos dos medicamentos. No meio disto tudo a parte boa e rica do Haiti que também foi atingida não ficou muito danificada não tem tido problemas de criminalidade e de ajuda de dentro do país. Que se lixem os pobres.

Muitos Haitianos queixam-se de que a ajuda internacional está a demorar, a verdade é que a ajuda é tanta que o Haiti não tem infrastruturas suficientes para tanta ajuda e só consegue ser entregue a conta gotas sendo a única maneira de evitar grandes motins e oportunidade de gente sem escrúpulos.

A única maneira de eu ajudar seria cuidar nem que fosse uma criança de muitas milhares que ficaram sozinhas. Seria capaz de a receber nos meus braços, dar-lhe afecto, carinho e educação. O mais incrível é que o sismo que destruíu muitos orfanatos fez acelerar processos de adopção que se arrastavam há anos.

Podia falar muito mais, podia falar das escolas dizimadas que hoje escondem cadáveres de centenas e centenas de crianças, do rapto de crianças para tráfico de orgãos ou para prostituição ou trabalho infantil.

Porque é que não vimos tanto comportamento animal na Ásia quando houve o tsunami?

Sei que é um posto confuso e com muita raiva, mas era necessário deitar cá para fora.


4 comentários:

João Roque disse...

Há alguma razão naquilo que dizes, infelizmente.
Mas uma pergunta me assalta: de quem é a culpa?
Fosse o Haiti um país de recursos, há muito o mundo teria reparado em tantos anos em que uma população é manipulada a seu belo prazer por ditadores que ninguém parece interessado em substituir; o próprio povo, não quer saber, não quer evoluir - aprendeu a viver assim, a pedir, desde há muitos anos. E assim acontecerá no futuro, presumo. O sismo apenas chamou a atenção do mundo para uma catástrofe que assola o Haiti, há muitos, muitos anos...

David disse...

Procura bem nas etiquetas da roupa e de outras coisas que compras e ficas a saber quem são os culpados da miséria que se vive em países como o Haiti.

Quanto ao presidente. Há que ter sangue frio e "tocar" o país prá frente. Para isso são precisas telecomunicações. :)

Quanto aos mortos e à violência É a lei da sobrevivência! Há que enterrar os mortos (rápido) e cuidar dos vivos. Pelo meio há sempre quem se aproveite. Mas isso também aconteceria em Portugal. Se o sismo não fosse a umas centenas de km do Algarve mas a 15 de Lisboa, como seria? Pensa bem nos subúrbios da Lisboa: achas que ia ficar muita coisa de pé?

TheMenBehindTheCurtain disse...

Ajuda humanitária de momento há muita. De valor seria enviar uma força militar decente, para conseguir instaurar alguma ordem naquele país, já que claramente a milícia do Haiti não tem capacidade para o fazer.

Não que censure verdadeiramente aquelas pessoas que nestas condições, no meio de tanto caos e animalismo, fazem pilhagem e tentam sobreviver pelos meios que conseguem. Mas sem qualquer sentido de ordem, até nem a ajuda humanitária consegue fazer por muito...

Richy disse...

O país já tinha grandes descrepâncias financeiras e um certo caos instalado. O sismo só veio disparar a situação para um nível desumano, animalesco. As pessoas já estavam ambientadas e habituadas a determinadas situações. Agora têm muito mais margem de manobra e muito mais desculpa para as fazer, dado à calamidade instalada, a desordem e a necessidade. Toda a gente é um pouco culpada por tudo isto, mas em especial os próprios habitantes do país e os seus líderes.