Há dias em que nos sentimos simplesmente tentados pela melancolia do tempo...esse eterno "conversation-maker" de que tanto gostamos por cá...
E há aqueles dias em que por mais que queiramos rir-nos com uma situação, gozar com alguma outra, simplesmente aproveitar as coisas boas, algo acontece que nos puxa invariavelmente para baixo, e que numa fracção de segundos nos muda o humor.
Agora que passa quase uma semana sobre o que aconteceu, já consigo olhar para trás com uma frieza diferente - aquela que os dias que passam nos trazem - e mesmo assim ser capaz de reconstituir segundo por segundo tudo o que se passou como se se tratasse de um filme visto frame-by-frame.
Naqueles escassos segundos, caminhando pela R. da Escola Politécnica acima, a caminho do Largo do Rato... os escassos segundos em que dura a chamada telefónica:
"O que se passou?"
"Não sei bem... mas suspeita-se de ataque cardíaco"
"Como é que a mãe está? Para onde vai?"
"Acho que está tudo bem, vai a caminho da urgência"
"Avisa-me quando souberes mais alguma coisa"
São os escassos segundos em que a vida nos passa na frente dos olhos. Os momentos em que apesar do turbilhão de emoções ser imenso e intenso, a máscara, a cara continua igual... a frieza nórdica? a maneira de ser? a necessidade de não espalhar a notícia para não alarmar mais ninguem, especialmente a avó... São os momentos em que se pensa... para que serve tudo? para que nos sujeitamos a sofrer tanto? para que nos aborrecemos? deixamos de falar com amigos? abandonamos os que sempre estiveram do nosso lado? Para quê?
A vida continua. E nós continuamos a ser os mesmos... não porque nos provocaram um susto, mas porque nós aqui continuamos, enquanto lá fora tudo mexe, os carros correm, a cidade respira. E porque os tortuosos caminhos do destino me levam para casa da avó, a máscara tem de subir para não a atormentar. Aviso relembrado em mais alguns segundos de telefone:
"Está tudo bem, já falei com os médicos e vou agora para lá"
"então mas está na urgência?"
"Não, já foi para a UCI"
(silêncio)
"Não digas nada à tua avó para ela não se preocupar. Eu mais logo falo com ela"
E sobem as máscaras, mantém-se a cara, a frieza sobe, o rochedo ergue-se.
E tal como em outras ocasiões não tão graves, é o que me vem à memória, mais uma vez:
A barata
Há 15 anos
7 comentários:
Segundo presumo, as coisas estão a evoluir positivamente.
Força, Amigo e toda a minha solidariedade.
Abraço.
Olá João,
Felizmente já está tudo a correr bem...mesmo assim ficou o susto.
Obrigado
Abraços
É bom ler que tudo está bem melhor agora!
Se precisares de algo já sabes que estou disponível!
Um abraço grande!
P.S. Adoro o layout do teu blog!
É bom ler que tudo está bem melhor agora!
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Um abraço grande!
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São momentos muito intensos. Felizmente, depois da tempestade, veio a bonança.
Continuação das melhoras.
Obrigado a todos pelos vossos comentários.
É bom saber que estão sempre todos por perto.
Abraços
Olá amigo. Infelizmente nem sempre por aqui passo e não me apercebi da situação. Como tu dizes, a máscara sobe e as pessoas têm maneiras de ser diferentes. Ainda que muito demorado, aqui vai o voto de melhoras e que o susto não volte!
Grande abraço.
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