quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Homossexualidade = Normalidade?

Hoje de manhã, entre um bocejo e o copo de leite, estava a assistir às primeiras notícias matinais, quando de repente me senti surpreso com o que estava a ouvir, e que me deixou quase incrédulo... uma reportagem sobre a tertúlia dos "125 minutos com Fátima Campos Ferreira", em que o Cardeal e Prefeito Emérito da Congregação para as Causas dos Santos, D.José Saraiva Martins, um dos dois cardeais portugueses com assento no Vaticano, e em que o cardeal afirmava que "a homossexualidade não é normal", e ainda por cima com uns remates como as frases "Quando se juntam dois homossexuais, eles ou elas, se há crianças, evidentemente, aquela união, aquele casamento, não pode providenciar a formação das crianças" e ainda "Porque uma criança para ser formada normalmente precisa de um pai e de uma mãe. E não de dois pais ou de duas mães"...

...Ora, isto levou-me a pensar várias coisas, ainda que de forma um bocadinho distorcida dado o cedo que era, mas que foram amadurecendo ao longo do dia. A primeira ideia que me ocorreu foi "Ora, mais um arremedo de fanatismo da Igreja", logo seguida por "um chefe da igreja como o Papa Bento XVI, o cardeal Ratzinger, não poderia ter uma ideia mais arrojada como a desta doutrina"...
Ao longo do dia, as coisas foram passando para os níveis de informação mais variados, que me levaram a ler a notícia por completo, como o fiz por exemplo em: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=1147760

Ora, depois de tudo isto, comecei a arrumar as ideias na minha cabeça, e por isso me senti na necessidade quase absoluta de aqui "estampar" aquilo que pensava e que sentia. Ora, eu fui criado no seio de uma familia cristã, conservadora, mas muito longe do estereótipo da família que vai à missa de domingo, e comunga, e que têm todos os sacramentos do baptismo e por aí fora. Atenção, que não tenho absolutamente nada contra sendo que eu próprio por vezes frequente uma ou outra missa, por razões meramente pessoais. Mas felizmente, fui educado com tolerância, e com um sentido crítico do qual me posso orgulhar. E daí ver que num período em que felizmente estamos cada vez mais abertos para a homossexualidade, e que finalmente perdemos a noção de que a homossexualidade é um bicho que afecta só as pessoas fraquinhas de cabeça e de espírito, ainda declarações como estas do cardeal, só me deixam revoltado e a sentir que a igreja está cada vez mais longe dos homens comuns... e pior, recusa-se a ver o que se passa no seu próprio seio, onde proliferam e cada vez são mais trazidos a lume casos como os de abusos sexuais a menores, e os casos que têm vindo a lume sobre padres e bispos. Ora falamos acima de tudo de homens. Homens. A Humanidade em geral e não o género. O animal com todos os seus defeitos e qualidades. A sexualidade de cada um é escolhida, conscientemente, e sem imposições. Ou deveria ser.

O que declarações como estas nos trazem à idéia é que depois de anos de luz, com um Papa com sabedoria como o foi João Paulo II, estamos gradualmente a voltar à idade das trevas... a Igreja em vez de evoluir com os tempos regride, diminui-se e afasta-se daqueles a quem Jesus disse um dia amar. E mais que uma vez, e em mais que uma discussão se referiu o facto que na Bíblia, em local algum se encontram referências abertas contra a homossexualidade. A igreja progressista que nos legou João Paulo II, está morta, e bem morta. Agora proliferam os "velhos do Restelo", percursores do Apocalipse que em tudo vêm os sinais do Fim dos Tempos.

Depois a questão da família. Porque não podem dois pais ou duas mães serem tão bons pais como um casal dito "normal" (ugh - que expressão detestável)? Porventura até serão melhores pais e mães, e tornarão os filhos pessoas mais tolerantes, e com a sua mente e o seu pensamento abertos para o futuro. Alerta aos sinais dos tempos e capazes de serem eles sim como Jesus, que nos ensinou a Amar-nos uns aos outros, e a perdoarmos os outros.

É esta a verdadeira doutrina da Igreja. Portanto, para quê misturar religião e política num mesmo sítio como forma de unicamente moldar as mentes dos que são influenciáveis e que são sobretudo fanáticos.

Amai-vos, por isso, uns aos outros. E deixai-vos de preconceitos e de esconder o que não pode ser escondido.

Cabe ao Homem decidir o seu Futuro, e quem ama. E quem ama é feliz. E capaz de amar os outros. E capaz de ser um Ser completo, racional e tolerante.

Um comentário:

João Roque disse...

Simplesmente lamentáveis estas afirmações deste senhor cardeal...
Abraço.